Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

As duas saudades

As duas saudades



Existem dois tipos de saudade: a consolável ou “de contente” e a inconsolável ou melancólica, a primeira é aquele doce apertar no coração, aquela vontade de pegar na mão, de deitar no peito, de beijar, que, num dia ou noutro vai ser satisfeita, saciada e a paz, (ainda não totalmente perdida), se somará a felicidade e a alegria,
A saudade melancólica é aquela que não pode ou não deve ser “curada”. No primeiro caso ela ocorre quando sentimos falta de quem não esta mais neste mundo, no segundo, porém surge quando a carência e a solidão nos deixam suscetíveis a melancolia, de forma que, passamos a analisar com lentes “escuras” o nosso passado e quem nos fez mal e, por isso, tiramos da nossa vida, mas, neste lapso de equivoco e “falência emocional” re-estimamos, ou melhor, estimamos, quem não merece e nunca mereceu nosso prezar.
É preciso saber viver para saber sentir saudade, afinal ela é para quem não se desespera, para quem a entende, para quem a goza, mas consegue restabelecer seus sentidos, seja com base no fato de que logo ela será satisfeita e findará, seja pela triste constatação de que, apesar da dor, jamais se poderá trazer à vida quem faleceu, seja porque a carência turva suas idéias, logo quem foi uma vez “expulso” de sua vida, deve continuar fora dela, afinal, não foi em vão que o desamor surgiu.
Bons são os sentimentos que habitam o coração de quem sabe ser racional quando é necessário, bons são os sentimentos sinceros de quem ama, de quem preza, valoriza e, antes de tudo, se valoriza, logo, não se tortura, não age com vileza, não se atira ao instinto da tristeza que, por pena de si mesmo, gosta de cultivar.
Boa é a saudade que podemos consolar num abraço, num beijo, num afago, num carinho, em alguns minutos, em muitas horas ou dias, boa é a saudade que a gente sente de quem ama e, por mais longe que esteja, vai chegar com o coração batendo mais forte, como o nosso, que quedamos quietinhos e esperançosos a lhe esperar. Matar a saudade é uma benesse para quem ama, deixar o coração morrer aos poucos pela saudade melancólica é o mal de quem não se valoriza, não se ama e nem sabe (bem) viver.



Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 14 de outubro de 2011.



















Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.