Não dá tempo
Não existe melhor e mais “adequada” desculpa para nossa ausência do que o tempo, ou melhor, a falta dele. É um festival de "não dá tempo", "não tenho tempo". Meses sem falar com a amiga: "falta de tempo". Falta de atenção e dedicação no relacionamento: "é tudo corrido, não dá tempo". Falta de diálogo com o filho: "Não sobra tempo para sentar e conversar".
Ainda não ter lido o livro que deseja: "não dá tempo". Enfim, é como se o tempo fosse um fruto raro que é cultivado apenas numa estação e quando nasce existem apressados que vão à feira e o levam, fazendo com que a quantidade produzida não "dê" para todos que desejam saboreá-lo.
Quando me refiro à ausência, me refiro a nossa "falta" com quem amamos, a nossa ausência conosco, vez que deixamos de fazer muitas coisas que nos dá prazer e deixamos de conviver com pessoas que nos fazem bem por "falta de tempo", somos, em suma ausentes em nossas próprias vidas, entendendo-se vida como algo mais do que o mero "existir" e ter sangue pulsante nas veias, mas o existir aproveitando a existência, me refiro a viver com intensidade cada minuto, porque quem não vive intensamente, quem é escravo dos deveres que se impõe, apenas existe, é aquele que criou a meta e fez-se dela escravo, é aquele que teve ambição e deixou-a crescer de tal forma que passou a ser ela a sua dona.
Ocorre que somos donos de nossas vidas, somos responsáveis pela nossa profissão, e, de certa forma, por tudo o que amamos. Somos donos de nossas horas, minutos e segundos e fazemos neles o que queremos, então, já que o "tempo" não é uma espécie de fruto raro, mas, isto sim, frações desses momentos, podemos fazer o que quisermos. Por tal motivo há o ditado que diz que "tempo é uma questão de preferência".
Não podemos negar que os dias passam de pressa, pois, cada vez mais, estamos atarefados, mas podemos reaprender a usar nosso tempo e aproveitar um pouco dos instantes de nossa existência para bem viver, pois, via de regra, nos tornamos escravos de nossa rotina, de nossa profissão, de nossa ganância, e deixamos que a criatura escravize o criador que deixa de ter tempo para coisas e momentos que lhe dão prazer, e, assim justifica sua inércia dizendo que "não há tempo".
Diante da incontestável correria de nossas vidas devemos priorizar o que nos faz bem, mas que protelamos posto que atendemos primeiramente as nossas tarefas imediatas, ou melhor, que se tornaram imediatas pela rotina que temos e mantemos. Não devemos apenas priorizar o que fazemos de costume, o que fazemos rotineiramente, posto que é neste viver rotineiro que, constantemente estamos justificando que "não temos tempo" de forma que agimos assim por saber que podemos fazer “mais” e “melhor” muitas coisas, porém nos habituamos a apenas justificar nossa ausência de bem viver com a pesarosa existência de dias cheios de tarefas e vazios de alegria e de prazer.
Feliz o homem que sabe aproveitar a vida, que faz o que deve e o que gosta, que é dono de seu tempo e não se deixa acostumar com a rotina, de forma a não “abrir” exceções para relaxar e deixar-se levar pela própria ânsia de aproveitar seus instantes, não deixando-se contaminar com a falta de boa vontade de inventar momentos agradáveis e de gozar a sua vida, por outro lado infeliz é o sujeito que se escraviza à própria rotina e passa a justificar sua inércia e comodismo como sendo "falta de tempo".
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 10 de março de 2005.
Não existe melhor e mais “adequada” desculpa para nossa ausência do que o tempo, ou melhor, a falta dele. É um festival de "não dá tempo", "não tenho tempo". Meses sem falar com a amiga: "falta de tempo". Falta de atenção e dedicação no relacionamento: "é tudo corrido, não dá tempo". Falta de diálogo com o filho: "Não sobra tempo para sentar e conversar".
Ainda não ter lido o livro que deseja: "não dá tempo". Enfim, é como se o tempo fosse um fruto raro que é cultivado apenas numa estação e quando nasce existem apressados que vão à feira e o levam, fazendo com que a quantidade produzida não "dê" para todos que desejam saboreá-lo.
Quando me refiro à ausência, me refiro a nossa "falta" com quem amamos, a nossa ausência conosco, vez que deixamos de fazer muitas coisas que nos dá prazer e deixamos de conviver com pessoas que nos fazem bem por "falta de tempo", somos, em suma ausentes em nossas próprias vidas, entendendo-se vida como algo mais do que o mero "existir" e ter sangue pulsante nas veias, mas o existir aproveitando a existência, me refiro a viver com intensidade cada minuto, porque quem não vive intensamente, quem é escravo dos deveres que se impõe, apenas existe, é aquele que criou a meta e fez-se dela escravo, é aquele que teve ambição e deixou-a crescer de tal forma que passou a ser ela a sua dona.
Ocorre que somos donos de nossas vidas, somos responsáveis pela nossa profissão, e, de certa forma, por tudo o que amamos. Somos donos de nossas horas, minutos e segundos e fazemos neles o que queremos, então, já que o "tempo" não é uma espécie de fruto raro, mas, isto sim, frações desses momentos, podemos fazer o que quisermos. Por tal motivo há o ditado que diz que "tempo é uma questão de preferência".
Não podemos negar que os dias passam de pressa, pois, cada vez mais, estamos atarefados, mas podemos reaprender a usar nosso tempo e aproveitar um pouco dos instantes de nossa existência para bem viver, pois, via de regra, nos tornamos escravos de nossa rotina, de nossa profissão, de nossa ganância, e deixamos que a criatura escravize o criador que deixa de ter tempo para coisas e momentos que lhe dão prazer, e, assim justifica sua inércia dizendo que "não há tempo".
Diante da incontestável correria de nossas vidas devemos priorizar o que nos faz bem, mas que protelamos posto que atendemos primeiramente as nossas tarefas imediatas, ou melhor, que se tornaram imediatas pela rotina que temos e mantemos. Não devemos apenas priorizar o que fazemos de costume, o que fazemos rotineiramente, posto que é neste viver rotineiro que, constantemente estamos justificando que "não temos tempo" de forma que agimos assim por saber que podemos fazer “mais” e “melhor” muitas coisas, porém nos habituamos a apenas justificar nossa ausência de bem viver com a pesarosa existência de dias cheios de tarefas e vazios de alegria e de prazer.
Feliz o homem que sabe aproveitar a vida, que faz o que deve e o que gosta, que é dono de seu tempo e não se deixa acostumar com a rotina, de forma a não “abrir” exceções para relaxar e deixar-se levar pela própria ânsia de aproveitar seus instantes, não deixando-se contaminar com a falta de boa vontade de inventar momentos agradáveis e de gozar a sua vida, por outro lado infeliz é o sujeito que se escraviza à própria rotina e passa a justificar sua inércia e comodismo como sendo "falta de tempo".
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 10 de março de 2005.
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