Limite-se
A vida adulta é um eterno exercício dos chamados “limites”, o que não seria complicado se você fosse um eterno “bebezão” e tivesse alguém para estabelecê-los para você. Tudo muda com a responsabilidade da idade e, teoricamente, da “vida madura”, quando você precisa se limitar sem que ninguém lhe peça ou ordene.
Limite seus instintos de bondade, afeto e carinho com quem lhe responde com negligência ou estupidez. Não se vingue, apenas limite seu desprezo e revolta. Limite sua vontade de responder estupidamente às pessoas estúpidas, tolas e grosseiras: a sua resposta não vai mudá-las, apenas fará uma discussão se acentuar e, acredite, discutir com quem não quer lhe dar ouvidos e usa a ofensa como escudo é tolice. Acalme-se, limite sua raiva contra pessoas que não merecem nem o seu olhar “torto”.
Limite toda vontade de retribuir o mal com o mal, corra para longe do ciclo da discórdia e da ignorância, limite a vontade de falar “verdades” para quem acredita unicamente nas mentiras que inventa a si mesmo, limite seu desejo de ser “o bom” e reconhecido como tal, limite seu orgulho, sua arrogância, sua vontade de ser admirado e bem quisto, isso normalmente indica insegurança, portanto, invista em sua auto-estima, limite a dose dos remédios que “tratam” os sintomas, para averiguar a cura para seu mal (estar) afetivo, psíquico, emocional ou financeiro.
Limite suas palavras quando elas não forem justas, quando elas não forem nobres ou quando forem desnecessárias. O silêncio nunca falha, o silêncio não provoca guerras, celeumas ou brigas, ao menos que você conviva com um psicótico. Limite tudo o que não é bom, limite qualquer atitude ou palavra que, uma vez feita ou dita, possa fazê-lo arrepender-se.
Todavia, não limite o amor que você sente, não limite a vontade de abraçar, de acarinhar, não limite a vontade de dizer que “ama” à quem você ama, não limite a doçura, não limite palavras ternas, atos cordiais, bondosos e, sobretudo, puros e sinceros. Limite a simpatia hipócrita, mas não limite o sorriso nos lábios, o brilho no olhar e a gentileza de suas palavras quando sua alma, feliz e em paz, faz resplandecer beleza em seus atos.
Limite o que pode ferir alguém ou o que pode fazer-lhe sofrer, mas não limite o amor, a admiração, a candura, a doçura e todos os atos doces que tais sentimentos impulsionam você a fazer, porque, pode ter certeza, você nunca irá se arrepender de ter sido bondoso e agradável quando seu coração e índole lhe indicavam tal caminho. Boas pessoas não se arrependem de agir correta e agradavelmente, porque elas não buscam retribuição ou “resultado”, elas simplesmente agem de acordo com o que são e com o que sentem. Simples assim.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 13 de outubro de 2011.
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