Verdade dói?
Para quem deve uma carta de cobrança não irrita, para quem tem culpa uma acusação pode ser amena, para quem errou qualquer consideração branda do erro pode se tornar uma alegria imensurável. Para um inocente qualquer acusação ofende.
Ciúme injustificado e ofensivo magoa a quem é leal e fiel, dedos que apontam falhas que não existiram e defeitos inventados funcionam como um revólver que dispara tiros a quem nem sequer esta agindo, nem mesmo em defesa própria.
As palavras de um homem, quando injustas, podem ser mais aviltantes, mais cortantes e letais do que a verdade mais doída ou tiros de metralhadora. Elas cortam a alma e abrem um rombo no coração do inocente, do injustiçado.
Se você é ladrão ser chamado de desonesto é quase um “elogio”, se você é costumeiramente infiel ter um “caso” descoberto é “coisa pouca”, para quem é mentiroso se defender apenas sobre uma de suas mentiras é “vantagem”, para quem abusa da boa fé alheia ganhar a mínima credibilidade de alguém é “lucro”. Para quem é falso usar uma boa maquiagem é uma “cirurgia plástica”, sem efeitos morais, é claro. Para o mosquito que transmite a dengue ser chamado de "pernilongo" é uma "honra", apesar da subestimação.
A verdade só dói quando as pessoas são orgulhosas demais para reconhecê-la, para pedir perdão ou, ao menos, para aceitar que são imperfeitas. A mentira, a invenção e a injustiça verbal, por outro lado, não apenas doem, elas cortam, machucam e deixam cicatrizes indeléveis na alma de suas vitimas. Antes ser um bandido que leva a culpa pelo que fez, do que um inocente que nem sabe por que esta sendo acusado.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 17 de outubro de 2011.
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