Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 7 de outubro de 2014

A perigosa bondade dos bons.

A perigosa bondade dos bons.

Agostinho Ramalho Marques Neto indagava: “Quem nos salva da bondade dos bons?”. Dos julgadores, no caso. As pessoas, de fato, convictas de sua decência, de sua bondade e de sua integridade, convictas, pois, de sua bondade e retidão de caráter criticam e julgam os “menos” bons ou, na sua visão rigorosa, os “maus”.
Pois eu não sei muito da vida, como, quando mais jovem e arrogante, acreditava que sabia, mas a vida me ensinou muitas lições, dentre as quais a de que ninguém é tão demasiado bondoso e exímio que nunca possa cometer um ato de maldade.
O problema, porém, são os bons que se acham bons, os que se dão ao direito de julgar sem conhecer, sem ter estado na pele do outro, no seu coração, na sua alma e é da “bondade” desses bons que todos devemos ser protegidos, inclusive eles mesmos, porque não tardará o dia em que a consciência que eles possuem de sua bondade lhes mostrará o que a vida mostra a todos: ninguém, absolutamente ninguém acima da terra e abaixo do céu é melhor do que o outro a ponto de poder criticar sem conhecer as suas dores.
Não digo que ninguém possa fazê-lo, mas acho que isso só deve ocorrer quando conhecemos bem alguém, quando nós conhecemos e não nossos pais, nosso marido, nosso filho, afinal, sempre e em todos os casos, o julgamento e a critica alheia traz mais a personalidade do julgador do que do julgado, mais daquele que critica do que de quem é criticado.
Nunca se esqueça da projeção, enquanto mecanismo de defesa do ego: nas criticas de Paulo a Pedro, se descobre mais de Paulo do que de Pedro. Portanto, todo cuidado é pouco na hora de usar a sua imensurável bondade para criticar o outro, afinal, a vida dá voltas e hoje o bondoso julgador, a pessoa de personalidade eximia e desprovida de erros colossais é você, amanha, porém, você será o julgado. E, conforme a oração, o será com a mesma rispidez com que julgou. Só lamento.
A gente evolui nessa vida quando aprende que até mesmo boas pessoas erram, mas que perigosas mesmo são aquelas que não reconhecem seus erros, que não fazem mea culpa e que atribuem tudo que lhes ocorre ao outro ou aos outros. Ser incapaz de sentir culpa, de agir mal, se arrepender e sofrer é, sim, um indicio de malvadeza espiritual.
Meu amigo, ser mau, todos podemos, todos somos capazes, inclusive, de matar um semelhante em dadas situações, me assusta, porém os “bons” que agem de forma maldosa e egoísta e não conseguem se arrepender, sofrer ou sentir vergonha, me assusta aqueles que são os bondosos, os santos, os coitados, as vítimas, em toda e qualquer situação. Estes sim, me apavoram.
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 07 de outubro de 2014.

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