Beleza e riscos.
Se você acha que ser feia, esquelética, gorda e com
culote é ruim? Peça para uma mulher bonita e de corpo harmônico dizer-lhe como
a beleza pode ser incomoda. Não diante do espelho, claro, mas no convívio social.
Aliás, em inúmeros casos a beleza mais atrapalha do
que ajuda, ainda mais quando, aliada a ela, está um intelecto admirável, certa inteligência
e postura correta e elegante. Ninguém se sente bem por ser excluído ou somente
considerado por ser belo. Não quando existe um cérebro por trás do rosto
bonito.
Até homens podem fazer mal à mulheres bonitas, até
mesmo à suas carreiras. O cineasta Alfred Hicthcock, aficionado por belas
mulheres, praticamente arruinou a carreira da loira Tippi Hedren, intérprete do
clássico “Os pássaros”.
Diante das constantes negativas da atriz em
entabular uma relação “extraprofissional” com ele, o diretor a submeteu a toda espécie
de humilhações em cena, tendo demorado dias para concluir a filmagem da cena em
que inúmeros pássaros atacam a protagonista, bicando seu rosto, mãos, cabelos
e, por um triz, seus olhos.
Não sei se o que ele sentia era paixão ou uma
espécie de inveja da luz, da graciosidade e espontaneidade daquela mulher que,
em hipótese alguma, o desejou. Alfred se considerava um homem feio, em que pese
inteligente e rico.
Pior ainda, porém pode ser a maldade aprontada por
uma mulher para outra, por ela ser bela. A mulher bonita é sempre “mal encarada”
por aquelas que, instintivamente a classificam como adversaria, como
concorrente. E, assim, surgem as fofocas, a maledicência. Frutos, obviamente,
da maldade, da mente vazia e do coração endurecido de algumas.
Pessoa alguma tem culpa por ser bela. O grande
problema é que o materialismo impera em nosso mundo. O apego à matéria, ao
belo, ao elegante, como se tais atributos fossem tão importantes que algumas
pessoas se esquecem de aferir se a “concorrente” tem um bom coração, se é
inteligente ou se é tão vil, fútil e burra que só um surdo a desejaria.
As pessoas adoram dizer que as mulheres belas são fúteis
e superficiais, quando, na verdade, quem lhes olha e julga pela aparência embotando
eventual amizade com a bela, são elas! Contradição não? Quem é superficial,
portanto? Julgar sem conhecer a essência, a alma, o intelecto e repelir alguém só
por ele ser mais atraente só significa uma coisa: a má e velha inveja, o eterno
veneno das relações humanas e uma dose avantajada de superficialidade e futilidade.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 10 de outubro de 2014.
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