Impagável.
“Por que você não estudou um pouco mais e não fez
Medicina? Médicos ganham mais do que enfermeiros.” “Você já pensou em fazer
concurso público, em ser juíza, delegada, promotora?”.
Essas e outras perguntas que as pessoas fazem
indiciam duas coisas: demasiada valorização ao dinheiro em detrimento do gosto
pessoal da pessoa e, pasme, via de consequência, uma futilidade fenomenal.
Nenhuma pessoa razoavelmente sã da cabeça nega que
dinheiro é bom, ou melhor, que aquilo que ele compra é bom, prazeroso e útil. Por
outro lado, uma coisa também é certa, se dinheiro lhe possibilita dormir com
belas mulheres, ele não compra o amor genuíno, compreendeu? Existe uma
diferença abismal entre o que o dinheiro compra e o que ele não compra. Quem acha
que ele compra tudo, lamento, mas não vale nada.
Então, você que ama advogar, pode receber uma bela remuneração
fixa por mês exercendo o cargo de magistrado, por exemplo, mas o seu salário não
vai lhe fazer adquirir paixão, zelo, amor pelo que você faz, pelo seu trabalho.
Não por menos, dentre todas as classes, nem todos são
aguerridos, nem todos são dedicados, alguns se contentam com o salário e só. Eu
gosto de ser parcial, de brigar, de vestir a camiseta por alguém.
Eu amo advogar e, como mulher e em virtude das
escolhas afetivas que fiz na vida, não tenho uma remuneração magnifica, não nego.
Mas sou feliz, sou realizada profissional, em que pese ainda não financeiramente.
E o magistério? Paixão que eu trouxe no sangue! Algo que dinheiro algum paga e,
frise-se, quem leciona é por amor, não por dinheiro.
Assim como quem é enfermeiro, assim como o oficial
de justiça que faz o que gosta, assim como o psicólogo que não quis fazer
medicina e virar psiquiatra, por exemplo. Certo é, pura e simplesmente, amar o
que se faz, depois disso, nenhum trabalho será pesaroso.
Todavia, as pessoas valorizam demais a conta
bancária em detrimento da alma, da tranquilidade, da alegria pessoal. Isso sem
contar, pelo menos em relação à advocacia, que essa cultura da valorização do
cargo publico é algo extremamente “brasileiresco”.
Existem advogados, inúmeros inclusive, que aferem
mais rendimento num mês do que um juiz em seis meses. Então, meu caro, fique
ciente de que não se nega a importância do dinheiro, mas amar o que se faz, é
algo que, simplesmente, não tem preço.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 24 de outubro de 2014.
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