Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Constituição, aborto e impotência.

Constituição, aborto e impotência.

Eu já fui uma pessoa muito intransigente. Quando jovem e na minha adolescência, era cheia de convicções e não tinha facilidade em ser dissuadida delas. Todavia, a vida faz milagres com a gente!
Hoje em dia adoro ouvir pontos de vista diferentes do meu, quando inteligentes e interessantes, acabo sendo por eles influenciada a modificar os meus paradigmas. Mas, às vezes, meu amigo, eu ouço e leio cada coisa que me revolta o estomago, coisas as quais, se eu respondesse, provavelmente seria levada à Delegacia mais próxima ou seria agredida, isso, claro, seu eu não agredisse antes.
Eu não tenho paciência nem preparo psíquico para ideias moralistas, para ideias fruto de opiniões de mentes presas a conceitos religiosos ou puritanos. Gosto de mentes abertas, de mentes libertas. Aborto, por exemplo, é um tema polemico, cujas ideias de alguns, às vezes me anojam.
Ora, por favor, será que as pessoas não sabem que mulheres e adolescentes abonadas o praticam sem que o Judiciário ou a sociedade saibam? E, mais, o praticam em segurança, sem correr riscos. Todavia, milhares de mulheres morrem ao tentar abortar em condições precárias, afinal, a prática é crime e o SUS não o garante.
Será que as pessoas não enxergam que a aplicação da lei, do jeito que ela é feita, privilegia a classe rica? Anticoncepcional. Certo, certo. Mas, você não consegue enxergar um pouco além e saber que tem mulheres que quiçá não sabem toma-lo? Ah, mas elas devem aprender né?! Sim, e você também deve deixar de ser hipócrita, mas não consegue!
E o controle de natalidade constitucionalmente garantido? Será que as pessoas não sabem que na prática as mulheres são desestimuladas, porque o Governo não quer gastar com a ligadura? Minha nossa, a ignorância da classe média e dos legisladores sobrevive à custa do sangue dos incultos, dos pobres, dos desinstruídos.
Nosso País é laico, mas a Igreja Católica e seus preceitos puritanos dominam. Por isso casamento homossexual é mal visto, por isso as minorias são criticadas, em que pese quase ninguém faça sexo só para reproduzir a espécie e após o casamento. Casamento religioso, diga-se de passagem.
Será que custa muito abrir a mente? Será que custa muito compreender que você tem o direito de crer no que quiser, de agir como bem entender, de praticar a sua fé, mas não pode exigir que os outros façam o mesmo. Se você toma anticoncepcional religiosamente, paga médicos caros, tem plano de saúde, compreenda: nem todas as mulheres deste imenso Brasil têm a sua cultura, teve as suas oportunidades, o seu conhecimento, a sua maturidade e, sobretudo, as suas crenças.
Perante a nossa detalhista Constituição, todos somos iguais, todavia, na prática as coisas são diferentes. A nossa Constituição Federal é o Brad Pitt das leis: linda, competente e atraente, qualquer um a deseja. Todavia, imagine o galã como sendo sexualmente impotente. Pois é, assim é a nossa Constituição. Detalhe, isso é um mero exemplo, nem a Angelina Jolie nem a nossa nação merece referida impotência. A do Brad é exemplificativa, a da nossa Constituição, não. Infelizmente. Oh, glória!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 03 de outubro de 2014.

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