Amar odiando.
O ódio é o amor recalcado. O ódio é o amor, que por
ser frustrado, vestiu armadura igualmente forte e quente para se disfarçar. A
indiferença! Ah, a indiferença! Apenas ela, aliada a certo respeito e salutar
distância, é o oposto do amor.
O ódio nada mais é do que o amor decepcionado e
magoado que perdeu a vontade de insistir e de tentar e resolveu odiar, mais por
orgulho do que por ausência de prezar. Não acredite em quem sente a necessidade
de dizer que lhe odeia.
O ódio é o inverso do amor no coração ferido, no coração
que não deixa de amar, mas gostaria. Ele é o mais frustrado e frustrante dos
sentimentos, porque quem odeia, na verdade, está atolado de sentimentos e acaba
patinando: quer sair, quer deixar de pensar, mas não deixa.
Ninguém odeia quem nunca amou, ninguém odeia por
odiar. O ódio é forte, mas só mata quem o sente. É um indicativo da passionalidade
humana. Quem não gosta sente desprezo e, por favor, entenda: quem, realmente
despreza, não entra em contato, não fala, não grita, apenas ignora.
Não importa qual seja o mal que alguém tenha lhe
feito, você só estará liberto dessa pessoa quando lhe esquecer e, odiando, você
não esquece, odiando você só cultiva um sentimento que faz mal a você mesmo, um
sentimento que não é nem amor, nem indiferença.
Quem não gosta de alguém não o procura nem para dizer
o quanto o odeia ou deixa de odiar, o quanto sente nojo ou desprezo. Quem não gosta,
não gosta e pronto. Essa coisa de odiar, de ofender e de brigar é uma forma
infantil e primária de amar.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 17 de outubro de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.