Vain.
Eu adoro a música “You´re so vain”! Ela é muito
anterior a minha adolescência, mas, como precoce-antiquada que fui (e continuo
sendo), eu a ouvia quando criança, inclusive.
Na verdade, música a parte, vaidade a parte, eu
quero falar sobre uma coisa: como nós conservamos a arrogância alheia, o
orgulho, a empáfia. Tem gente que gosta do que é enigmático, difícil,
complicado e, assim, cultiva a arrogância dos arrogantes, o orgulho dos
orgulhos.
Quem valoriza mais o que se diz do que, como se
diz, o que se pretende, do que como se pretende, acaba por ignorar a arrogância
maquiavélica de alguns, e passa a lhe ensejar e, quiçá, fomentar.
Quem muito gosta, quem muito admira e quem muito
bajula pessoas difíceis, complicadas e orgulhosas, fomenta o orgulho e, por
alguns momentos, acaba por fomentar nos bons, nos humildes e acessíveis, a
vontade de ser inacessível, porque, convenhamos, é muito mais fácil ser
estupido, grosseiro e arrogante do que dar margem a questionamentos, ao acesso
e a conversas, por exemplo.
Quem se fecha demais para as pessoas, via de regra,
quer se proteger dos incômodos que o diálogo lhe causa, da responsabilidade que
elas lhes atribuem. Portanto, nunca, em hipótese alguma, reclame da arrogância,
postura orgulhosa e nariz empinado de alguns, porque, nove em dez vezes, é o
masoquismo tosco de alguns (do seu, por exemplo) que lhes cultivam e faze-los
achar vantajoso serem maldosos e arrogantes como são.
É o silencio e o servilismo de alguns que fomenta a
malicia e a prepotência de outros. Quem gosta de linguajar difícil, de
inacessibilidade e do pseudointeligente, enfim, quem gosta do “pseudo”, não faz
por merecer o verdadeiro ou, ao menos, o impulsiona a ser prolixo e chato,
também.
Sou da opinião de que não importa o tamanho do
talento de uma pessoa, não importa se o sujeito tem doutorado, pós-doutorado ou
o que venha depois, se ele for orgulhoso, se ele for arrogante e inacessível aos
outros o seu conhecimento é vão, é inútil.
Autores de livros, quando não em contato com seus
leitores, são a eles de difícil acesso, logo, se for pra conviver com um sábio
cuja arrogância lhe torna um “pseudosábio” eu prefiro ler uma coleção completa
de livros. Para mim, conhecimento que não se transfere com simpatia e afeto, posto
a empáfia do conhecedor, é inócuo.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 17 de outubro de 2014.
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