Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Vain.

Vain.

Eu adoro a música “You´re so vain”! Ela é muito anterior a minha adolescência, mas, como precoce-antiquada que fui (e continuo sendo), eu a ouvia quando criança, inclusive.
Na verdade, música a parte, vaidade a parte, eu quero falar sobre uma coisa: como nós conservamos a arrogância alheia, o orgulho, a empáfia. Tem gente que gosta do que é enigmático, difícil, complicado e, assim, cultiva a arrogância dos arrogantes, o orgulho dos orgulhos.
Quem valoriza mais o que se diz do que, como se diz, o que se pretende, do que como se pretende, acaba por ignorar a arrogância maquiavélica de alguns, e passa a lhe ensejar e, quiçá, fomentar.
Quem muito gosta, quem muito admira e quem muito bajula pessoas difíceis, complicadas e orgulhosas, fomenta o orgulho e, por alguns momentos, acaba por fomentar nos bons, nos humildes e acessíveis, a vontade de ser inacessível, porque, convenhamos, é muito mais fácil ser estupido, grosseiro e arrogante do que dar margem a questionamentos, ao acesso e a conversas, por exemplo.
Quem se fecha demais para as pessoas, via de regra, quer se proteger dos incômodos que o diálogo lhe causa, da responsabilidade que elas lhes atribuem. Portanto, nunca, em hipótese alguma, reclame da arrogância, postura orgulhosa e nariz empinado de alguns, porque, nove em dez vezes, é o masoquismo tosco de alguns (do seu, por exemplo) que lhes cultivam e faze-los achar vantajoso serem maldosos e arrogantes como são.
É o silencio e o servilismo de alguns que fomenta a malicia e a prepotência de outros. Quem gosta de linguajar difícil, de inacessibilidade e do pseudointeligente, enfim, quem gosta do “pseudo”, não faz por merecer o verdadeiro ou, ao menos, o impulsiona a ser prolixo e chato, também.
Sou da opinião de que não importa o tamanho do talento de uma pessoa, não importa se o sujeito tem doutorado, pós-doutorado ou o que venha depois, se ele for orgulhoso, se ele for arrogante e inacessível aos outros o seu conhecimento é vão, é inútil.
Autores de livros, quando não em contato com seus leitores, são a eles de difícil acesso, logo, se for pra conviver com um sábio cuja arrogância lhe torna um “pseudosábio” eu prefiro ler uma coleção completa de livros. Para mim, conhecimento que não se transfere com simpatia e afeto, posto a empáfia do conhecedor, é inócuo.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 17 de outubro de 2014. 

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