“Pseudos”

“Pseudos”

Seguinte, meu amigo: a vida é muito curta e muito simples para você complicar o contato social com palavras rebuscadas e linguajar formal em locais e ambientes informais. Você é advogado? Use seu vasto vocabulário em petições, audiências, júri e em sustentações em Tribunais superiores sabendo, inclusive, que, nos dias de hoje, corre o risco de lhes parecer imbecil.

Você é professor? Facilite o contato com seus alunos, não lhes cause sono! Você quer escrever recados e frases de efeito nas redes sociais? Faça um blog que só será visitado por quem gosta de prolixidade e de pseudointelectualidade.

Fio, se tem uma coisa que intelectuais sabem é que ninguém é obrigado a engolir o seu linguajar, logo, sabem o momento de ser formal e o momento de serem práticos, alias, este é um atributo de gente inteligente e de bem com a vida e não de quem quer parecer inteligente e de bem com o mundo.

Faça as pazes com a vida, sorria mais, converse mais, brinque mais. Não precisa se tornar um perfeito idiota, mas também não precisa se distanciar do contato humano a ponto de ser, igualmente, um babaca arrogante.

Descomplique o que é fácil, a vida e as pessoas ao seu redor agradecem, afinal, o mundo não precisa de mais gente “parecendo” inteligente, “parecendo” interessante, “parecendo” culta, “parecendo” politizada, o mundo precisa de gente que seja tudo isso, sem que precise “parecer”, a gente precisa de quem é intelectualmente grandioso, mas que, sobretudo, é espiritualmente humilde.

Esses fazem falta no mundo! E eu pugno por um mundo onde as pessoas sejam sem aparentar ser o que não são, apenas para fazerem de conta que são melhores do que as outras e, quiçá, melhores do que realmente são.

Você tem o direito de ser culto, de ler filosofia, psicologia e história, você tem o direito de ver filme em preto e branco da década de 40, você tem direito de aprender alemão, francês, italiano e russo, mas, por favor, você não tem o direito de ser chato, de se achar o “mais, mais”, porque gosta de estudar, porque tem cultura, porque, antes de ser culto, você tem que ser uma pessoa boa, uma pessoa bem resolvida e feliz. Simples.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 13 de outubro de 2014.