Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Meus rituais

Meus rituais

Mulheres como eu não agem, fazem rituais. Eu não uso sapato de salto para ficar maior, eu uso salto para aumentar minha auto-estima, eu não passo rímel nos cílios para realçar o olhar e alongá-los, eu uso para ver a vida com uma sombra maior, capaz de tapar o que não desejo enxergar.
Eu não passo batom para deixar meus lábios mais desejáveis, eu os pinto para que eu pense mais no que deles sairá, para que, da minha boca só saiam palavras doces, cômicas e alegres. Eu não coloco mega hair para sentir que tenho mais cabelo, só uso quando eu quero me sentir mais feminina, mais sensual, quando, pois, minha auto-estima não esta nada alta. O comprimento dos meus cabelos e a altura dos meus sapatos é inversamente proporcional ao meu amor próprio.
Eu não mudo a cor de cabelo, eu não mudo o corte de cabelo, eu mudo de postura, mudo meus sonhos, mudo minhas metas, minhas expectativas, minhas idéias. Enfim, eu não vivo, eu ritualizo. Eu não passo perfume para dormir para deixar meu travesseiro mais cheiroso, eu quero perfumar meus sonhos, meu sono, minha alma. Eu não passo creme no rosto para manter a pele jovem, eu uso bons cosméticos para sentir a pele macia enquanto eu a acaricio e penso no quão melhor eu serei quando ela estiver menos viçosa, mais enrugada, mais velha.
Eu não vou ao dentista para deixar os dentes claros e saudáveis, eu cuido da minha boca para que ela se feche pouco, para que sorria sempre, para que, até nos momentos tristes, através do aprendizado, exista um ar de riso, de autoconfiança, de esperança e felicidade, mas que, quando o que a mente quiser expressar for sujo e feio, a boca se cale e eles mordam meus lábios para que eu não diga o que pode magoar quem eu gosto, quero bem, e admiro.
Eu não compro bolsas caras porque elas são bonitas, eu compro bolsas que me agradam e que, assim como marcam minhas finanças, marcam novos momentos, novos começos, novas fases. Fases em que elas irão me acompanhar. Eu não uso jóias para esnobar, não me visto com elegância para ser bem julgada, eu me adorno, me enfeito e me arrumo, porque a vida é curta demais para guardar o que é belo para um “depois” que pode não chegar. Eu não tenho medo que ladrões levem minhas jóias, meu dinheiro ou minhas bolsas caras, eu só receio viver sem aproveitar o bom da vida, por isso eu não faço dietas restritivas e nem deixo de estar com quem eu amo para cuidar do meu corpo numa academia. A matéria perece, o espírito se aprimora, portanto é dele e dos meus bons instantes que eu zelo com maior afinco. Logo, eu não escrevo, eu faço terapia com o papel e o teclado. Eles são meus amigos e, por amá-los, não sei viver longe.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 18 de janeiro de 2012.

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