Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A senhora, a mãe!

A senhora, a mãe!

Então ontem a noite uma pessoa que eu adoro e respeito muito me repreendeu sobre o meu sentimento de desnecessidade de parir. Enfim, de ter um filho, de ser mãe e etc.. Eis que, humilde que sou, concordei, não discuti e, hoje, passei para minha mãe os argumentos que ouvi.
E este pequeno texto não trás as minhas ideias, mas as que me foram passadas pela diva despretensiosa, do alto de seus 63 anos, minha melhor amiga e companheira, sobre a alegação de que “casamento não é para sempre, que dinheiro não trás felicidade, e que filhos são um amor eterno”, divagou a, aqui chamada, Dona Joce, vulgo, “a senhora”. As ideias da diva que não precisou malhar, usar bolsas ou roupas importadas, fazer plásticas ou andar com camionete importada para ser diva. Bastou-lhe pensar, observar e aprender com a vida.
Começou ela: “Por acaso o seu possível futuro filho vai ficar sempre grudado em você? Você vive próxima a em mim, porque não tem paciência para homem chato e nem encontrou nenhum que fizesse valer a pena você ter paciência. Porque você foi única filha! E se você tiver uma filha com outros gostos e maior saco de paciência? Ela vai para onde ela quiser. Cláudia, filhos você cria para o mundo, não para lhe cuidarem na velhice!  
Cláudia, filha querida, você gosta de ver seriados? Filmes? De ir ao salão fazer as unhas? De passar horas no salão quando bem entende para manter o acinzentado do cabelo? De trabalhar ou escrever de madrugada? De gastar muito em roupas e livros? De tomar o seu vinho, a sua cerveja importada?
Filha, você gosta de viajar? De acordar tarde, dormir tarde e trabalhar muito? Filha, você quer ir, quando aposentada e bem entender, para o nordeste brasileiro, quem sabe conhecer NY, seu sonho?”. Respondi que sim, que amo seriados, amo vinhos bons e amaria ir à NY fora todo o resto que prezo muito.
Então ela disse: “Pois é, a felicidade se faz de equilíbrio psíquico, autoconhecimento e pequenas alegrias. Ver um seriado lhe alegra? Fazer sexo com o namorado que lhe jura amor eterno lhe alegra? Viajar lhe alegra? Não ter obrigação com ninguém lhe alegra?” Sim, respondi. “Então, minha filha, isso é felicidade! Não é preciso ter um filho para ser plenamente mulher e feliz!”. E assim ela encerrou suas alegações.
Durante seu diálogo, essa senhora mãe disse que ver a filha chorando dói, que ver a filha amando a pessoa errada dói, que ver a filha se sentindo lograda dói, que ver a filha decepcionada com as amizades dói. Ela disse que ela tem muitos prazeres, a companhia, o amor da filha. Mas ela disse que deu sorte por ter uma filha que se dá bem com ela. Que parir não é certeza inolvidável de amizade, companheirismo e cuidado.
Essa senhora disse que deve ser mãe quem quer ter uma responsabilidade eterna, chorar pelo ruim, se emocionar pelo bom e, muitas vezes, abrir mão de si mesma por causa de alguém que você cria para ser livre, independente e do mundo. Essa senhora, na visão da filha dela, é a melhor mãe e pessoa do mundo. A mais honesta!
Ela até diz que toda mãe diz que a maternidade é uma benção porque, por serem mães, já é tarde demais para reclamarem! Essa senhora diz que mães de verdade não reclamam, mas sentem o peso. Sei lá, essa senhora criou uma filha sincera, honesta e decente.
Uma filha que lhe ouve, que lhe admira e, sobretudo, é com ela muito, muito parecida! Uma filha cujo objetivo de vida é continuar sendo feliz e tendo seus pequenos grandes prazeres. Porque, conforme diz essa senhora, “mulher não foi feita pra reproduzir, mulher foi feita para ser feliz como deseja ser”. E ela quer que a filha faça o que deseja. Quer saber? Essa senhora é o máximo!

Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 02 de maio de 2015.

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