Estranhamento
Não é a primeira vez que me mudo de cidade na vida, todavia acredito que seja a última e aquela em que, por ser mais madura e estar solteira, eu esteja sentindo e sofrendo mais com as (infelizes) “diferenças culturais”.
Não foi o calor que eu estranhei em Sorriso, mas a cultura das pessoas ou a falta dela, na maioria dos casos. Estranhei o prevalecimento do “dinheirismo” em detrimento da cultura, da beleza em detrimento da inteligência e da simpatia, e do poder em detrimento da empatia.
A falta de tato na conquista masculina e a vulgaridade das mulheres são demasiadas explicitas aqui. Eles acham que as conquistam com carros caríssimos, viagens e status, logo, não vi uma floricultura interessante na cidade. Por que galantear se o bolso fala por suas cabeças quase vazias e as mulheres anuem com isso quase em estado de regozijo?
Obviamente, mulheres vulgares, homens galinhas e gente fútil existem em todos os lugares do mundo, mas desta vez eu dei um azar relativamente grande! Nove em dez pessoas que conheci e conheço são do mesmo “naipe”.
Crêem que dinheiro, corpo torneado, silicone e mega hair resolvem problemas emocionais. As mulheres usam os homens ricos como eles as usam para exibirem-se. Lembra daquela historinha de que o homem com carro melhor pega a mulher “melhor”, que, no caso, seria a mais bonita (porém “oca”)? É por ai.
O problema esta no fato de que isso é mais “discreto” nas cidades em que vivi e, especialmente, na minha cidade natal em que existe um grupo de “interesseiras” e os homens espertos sabem quem são.
Só que, via de regra, eles não namoram com elas. Não as sustentam, em suma. Não pagam silicone, conta em loja, conta de celular, dividas bancárias. Eles valorizam-se mais, bem como ao dinheiro que possuem, com raríssimas exceções.
Aqui me deparo com um monte de homem tosco que se acha esperto e me causa asco. Nojo, especificamente. Homens que acham que, porque têm dinheiro, podem abrir mão do cavalheirismo, da gentileza, da afetuosidade e da cultura.
Ocorre que, nem em contos de fadas, nem no Rio Grande do Sul, nem no Mato Grosso, nem em lugar algum do mundo, princesas ficam com cavaleiros. Elas ficam com os cavalheiros. Sempre foi e sempre será assim, logo, o destino dos homens grosseiros e com a conta bancária gorda é ficar com uma mulher elegante, porém vazia, que ama o que eles têm e não quem eles são.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 23 de julho de 2013.
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