Sumiço
Eu tenho a péssima mania de fugir das pessoas quando eu não tenho nada de bom para lhes falar ou estou suficientemente confusa para ser incapaz de lhes ouvir. Infelizmente, isso acontece comigo.
Não sei se há algo em mim de covarde, de retraída, de insana, de desconcertada. Talvez de tudo isso junto, o que eu sei é que eu não gosto de magoar as pessoas, mas magoo.
Com frequência eu as magoo sem querer fazê-lo, justamente porque eu acho que o meu sumiço diz tudo que elas precisam saber, mas talvez não diga e não passe de desrespeito.
Ocorre que o meu sumiço quer dizer que eu não estou preparada para falar, nem para ouvir, que eu tenho medos, que eu tenho saudades de outra vida que tive e não estou pronta para o que quer que seja.
Talvez eu seja mais complicada do que pareça, talvez eu seja estranha, esquisita ou problemática. É, talvez eu seja muito problemática, mas uma coisa eu garanto, não sou má e sou incapaz de usar as pessoas. Eu erro por ser errante, não por más intenções.
Se eu sou capaz de magoar as pessoas com a deliberada intenção de fazê-lo? Claro que sim. Com a minha idade a gente costuma revidar com força as laçadas que se toma, mas isso é exceção em minha vida. Nove em dez vezes eu silencio e guardo a tristeza para mim, nove em dez vezes eu firo as pessoas sem querer faze-lo.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 30 de julho de 2013.
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