Paixão II
Uma coisa que a vida me ensinou: tentar persuadir um apaixonado é perda de tempo. A paixão é uma doença que afeta os sentidos da pessoa, ela vê o objeto de seu sentimento com outros olhos. Olhos irracionais.
A lógica é inexistente na paixão. Todos sabem que a pessoa vale pouco, é mau caráter, interesseira e traiçoeira, mas para o apaixonado ela é a melhor pessoa do mundo.
Argumentos racionais não funcionam com pessoas cegas: sejam elas por alguma religião, sejam elas cegas de paixão. Logo, por mais que você tente o apaixonado não vai enxergar as situações como você.
Ele teima, ele insiste, ele vai até onde consegue ir, ele faz o possível e o impossível para conseguir o que quer, passa por cima de todos seus princípios, ignora os conselhos de todos que lhe amam.
Só quem alcança os ouvidos de uma pessoa apaixonada é o objeto de seu desejo. Para os outros ele fica surdo, para o amante, ele fica cego. Combinações perigosas capazes de endoidecer uma mente sã.
Eu vejo tanta gente fazendo loucuras por quem não merece, tanta gente tomando decisões equivocadas e desarrazoadas por paixão que eu chego a conclusão que estas pessoas se odeiam, ou melhor, não têm o mínimo apreço por si mesmas, não sabem o valor que possuem ou, no mínimo, cegos, esquecem-se dele.
Todavia, tal qual o efeito de uma droga, quando a paixão termina a pessoa percebe quão vil e tola ela foi, então nasce uma nova e ruim fase, aquela na qual ela remói o arrependimento de ter feito tanto mal a si mesmo em prol de quem não lhe merecia.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 16 de julho de 2013.
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