Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Advogados e concursados.

Advogados e concursados.

Lembro-me da minha primeira semana de aula na tradicional Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo. Os colegas comentavam a respeito do que desejariam fazer pós-conclusão do curso. A maioria queria concurso, em especial da magistratura e Ministério Público.
Eu, devem se lembrar bem os meus colegas, sempre quis advogar. Em momento algum, por nenhum dia eu pensei em fazer outra coisa. A maioria que queria fazer concurso e entrou na faculdade comigo, no emblemático “ano 2000”, conseguiu o seu intento. E eu o meu.
Mas daí a gente conversa com pessoas leigas, num restaurante, por exemplo, e percebemos que o povo crê que advogado é juiz frustrado. Que o sujeito “tem” que advogar pra depois chegar num “grau” mais elevado. Ledo engano ou infeliz acerto: alguns advogados, realmente não se esforçam, não estudam e acham que a desonestidade é a melhor forma de aferir altos rendimentos.
Alguns sujeitos, desde a minha época, fazem Direito, sem ter noção de onde estão e do que querem. E estes não se tornam nem advogados, nem promotores, nem juízes. Mas existem exceções. Assim como, o povo não sabe o perrengue que advogados competentes enfrentam com magistrados que estudam anos para passar num concurso e, depois, com seu montante fixo por mês, esquecem-se de estudar. Não confunda advogados razoáveis com advogados bons.
A advocacia, meu caro, constrói jurisprudência, constrói teses, constrói o Direito. Juízes julgam com base no que os advogados lhes “levam”, do contrário não fariam nada. Eles são imparciais. É graças aos bons advogados que a tão esperada justiça, que também é muito dissonante das leis, tende a, eventualmente, aparecer em alguns processos. Sem advogado, meu amigo, não existe Justiça, existe arbitrariedade.
Não menospreze o profissional, porque a classe dele está cheia de rábulas, cabe ao povo valorizar os bons. Cabe a você que critica a advocacia separar o joio do trigo dentro dela, sem o preconceito brasileiresco de que só é bom quem é “concursado”. Concursos públicos dão estabilidade, mas só animam e fazem feliz quem passa porque tem amor ao cargo que vai exercer.
Ademais, não olvidemos que bons advogados gostam do risco, dentre os quais aquele de poder ganhar num mês o que um concursado não ganha num ano, em alguns casos, numa vida. Acredite, bons advogados não amargam frustração alguma. Estão aonde estão por vontade própria. Assim como bons juízes, bons promotores e etc.. Competente é o sujeito que faz o que ama, não por necessidade, mas por gosto. Literalmente.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 23 de julho de 2014.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.