Gente que “ama” demais.
Tem gente que "ama" demais. Sei lá, acho
estranho esse povo que num dia está caindo de amores por uma pessoa e no outro
já encontrou o "amor da sua vida" que, na visão de muitos e na sua
própria lábia, era aquela de "antes".
Francamente se ser "carinhoso" se liga a
esse hábito esquizoide de "amar" demais, eu prefiro aquele povo mais
bruto, porém sincero. Sabe aquela gente que diz muito pouco "eu te
amo", mas quando fala sai da alma? Gosto dela.
"Eu te amo", meu amigo não é "bom
dia", você não precisa dizer por educação ou para parecer simpático. Tem
coisas que devem sair do fundo do coração, porque você as sente lá, e não da
superfície, porque você quer conquistar a confiança de alguém. Ou, enfim,
porque você é falso mesmo.
Essa virtualização das relações interpessoais facilita
a conduta dessa gente que sente prazer em dizer que ama, mas, por outro lado,
sente muito pouco amor. É whatsapp, instagram, facebook e mil outras formas de
comunicação fotográfica e escrita.
E isso tudo é um prato cheio para as pessoas
olharem pouco nos olhos, pegarem pouco na mão e escreverem toda espécie de
discurso meloso para conquistar alguém e se aproveitar da sua carência ou,
meramente, de sua boa fé.
Então o cara está lá, num bar, paquerando cada
criatura que aparece na frente e mandando “eu te amo” para a mocinha mais difícil
que não está na balada. Ou, está em casa, vendo um filme e conversando com
várias criaturas que ele “ama” ao mesmo tempo, para ver quem cai na dele.
E, depois de cair, começa aquela história praticamente
enjoativa de fotos em redes sociais: “eu e o amor da minha vida”. Até tudo
acabar e ele achar um novo “amor” para sua vida. Na realidade, estou numa fase
que até o chamar a recém-namorada de “amor” me irrita.
Ora, essa, “amor” não é “querida”, “meu bem”, “meu
encanto”, amor é amor e como tal não deve ser dito para chamar alguém que você está,
apenas conhecendo. Creio que isso é um “ato falho” de gente que tem gana por
amar de verdade, pessoas que, em que pese abusem da carência alheia, são mais
carentes do que os outros. Criaturas lamentáveis.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 1º de julho de 2014.
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