Vida inteligente na madrugada?
Toda vez que vejo fotos de amigos solteiros “pagando”
de bons na balada eu reparo as “amigas” que lhes acompanham. Estranho, mas
parece que elas usam uniformes, mais, parece que são todas irmãs gêmeas, mas não
univitelinas: loiras, cabelo longo, encorpadas (leia-se não magras, mas também
não gordas) em vestidos e saias curtas e muito, muito justas. Ah, e um copo na
mão, claro!
Na grande maioria dos casos não se vê uma moça com
um look diferente, roupas mais discretas, enfim. Parece que a mulherada
solteira, além de pouco autentica, se rende ao desespero e usa todo tipo de
mote “clássico” para atrair a atenção do “macharedo”. Quem não tem cabelos
longos usa mega hair, quem não tem corpo curvilíneo se coloca a malhar e tomar
suplemento feito louca, quem não tem roupas justas vai às compras.
Desespero, eu já falei essa palavra? Pois é, eu
constato, das fotos que vejo, um desespero imenso por parte das moças. Deve ser
vontade de conseguir afeto, sexo, um marido financeiramente abastado ou,
simplesmente, de chamar a atenção.
Aliás, essas moças de balada têm como primeiro
objetivo isso: chamar a atenção, no maior estilo que o Cazuza retratou na
canção: “Se ninguém olha quando você passa você logo acha que a vida voltou ao
normal aquela vida sem sentido, volta sem perigo é a mesma vida sempre igual.”
Essas mulheres dependem de elogios, de paquera. Chamar a atenção é o que
precisam, olvidando que o vulgar, o banal e o ridículo também chamam a atenção.
Será que
esse povo conversa nessas festas? Será que eles pensam sobre a vida? Será que
essa gente tem assunto? Será que essa gente consegue entabular uma conversa
inteligente? Será que eles conseguem falar sobre coisas que não digam respeito
a carros, corpo, dinheiro, salão de beleza da moda, cirurgias plásticas, tratamentos
estéticos e bebidas caras? Sei lá, são perguntas que não querem calar, mas
calam, eu não vou me aventurar a perguntar. Dá medo de ouvir as respostas.
O que eu via quando dava alguns bordejos pela noite
e o que vejo nas fotos que publicam em redes sociais é um aparente mercado de
mulheres bem maquiadas expostas nas “gondolas” das festas, com um copo na mão e
roupas justas para facilitar o acesso dos metidos a galã que saem a noite em
busca de companhia, pileques e sexo.
Neste mercado, no entanto, os produtos estão
ficando cada vez mais parecidos, tanto na aparência externa quanto na
qualidade. Jovens que toda semana estão na noite, que fazem da beleza física um
objetivo de vida, não têm muito para oferecer. Não muito do que, de fato
aparentam ter: corpo legal, aparência razoável, cabelos longos e, infelizmente,
ideias curtas. Vida inteligente na madrugada? Talvez, sempre existem exceções
as regras, mas estas não ficam na madrugada por muito tempo, com certeza.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 05 de julho de 2014.
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