Saudável desistência.
Há muito tempo eu escrevi sobre uma entrevista da
desembargadora gaúcha Maria Berenice Dias. Eu era criança quando ela contou que
estava no terceiro ou quarto casamento, porque acreditava no amor. Eu a
entendo.
Quem acredita no amor e ama a si mesmo, não estagna,
não apoja em vaca morta, como diria minha mãe. Sabe a coisa de não ter mais
tesão pela mulher, se entediar com o que o marido fala, não ter mais afeto, não
cuidar mais do outro, brigar todos os dias? Pois é, quem vive assim está
desistindo da própria felicidade.
Já fui casada, já noivei, já morei junto, namorei,
obviamente, e todos os meus relacionamentos foram divertidos, foram leves,
foram agradáveis. Antes de a pessoa querer mandar em mim e se tornar
inconveniente, eu zarpava. Escolhia a solidão como melhor forma de esperar um
amor que me completasse melhor.
Fui apaixonada por todos e fui feliz enquanto
estive ao seu lado, antes da “coisa” ficar chata, feia e irritante eu escolhia
a mim mesma. Não aceito ficar num relacionamento que não me faz bem, que não me
faz feliz.
Ser sozinha é simples, é legal, não vale à pena
ficar com uma companhia que, ao invés de agregar, estimular e fazer sorrir,
irrita, desaponta e faz chorar. Não só de tristeza, mas de raiva! Não, isso
não. Eu me recuso.
Aliás, estava pensando outro dia, nesse hábito que
as pessoas que estão num relacionamento falido há longa data tem de “lutar”
pela relação, “lutar” para o casamento dar certo. Abençoado, entenda uma coisa:
se você precisa “lutar” é porque a sua relação foi pro brejo há muito tempo!
Relacionamentos funcionam com base na espontaneidade,
no respeito mútuo, no amor e no afeto, quando chega ao ponto de precisar de mil
artifícios para conseguir fazer a relação funcionar é, pura e simplesmente,
porque ela não funciona mais! E, sinto informar, lâmpada quebrada a gente
troca, ficar rezando pra que ela funcione não vai ajudar em nada, pelo
contrário, vai fazer você ficar no escuro e desapontado.
É preciso compreender que, assim como as relações
tem o momento em que elas devem começar, elas também têm o seu fim. E não adianta
posterga-lo, se ele chegou, resigne-se, valorize-se, não aceite ser infeliz ao
lado de alguém se é possível ser feliz sozinho e correr o doce risco de
encontrar alguém que combine mais com você e fique ao seu lado, enquanto ambos
forem felizes, é claro.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 23 de julho de 2014.
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