Advoguetos.
Sempre gostei de diversidade, assuntos diversos,
filosofia de botequim. Nunca suportei sequer jantas de alunos de Direito na
faculdade. Um queria ser mais "advogado" que o outro, quando nem
bacharéis eram! Um tédio, pra mim, na maioria das vezes.
Sempre namorei pessoas de áreas diversas, pra não
cair na asneira de ir dormir falando em leis e discutindo “casos”. Reuniões de
profissionais específicos podem ser um tédio! Médicos que saem do consultório e
só falam sobre medicina me saturam também.
Enfim, junções de colegas que falam demais sobre
seu trabalho e consequente clientela me anojam. Briga de egos, um quer mostrar
ao outro quão talentoso e promissor pode ser, o quanto sabe a respeito de leis,
o quanto pode faturar, o quanto é dedicado e responsável, quando, na verdade, é
apenas entediante. Boring!
Calma lá, meu amigo! Existem filmes, livros,
romances, futebol, ideias e ideais para ser objeto de conversa. Não custa nada
deixar seus clientes e respectivos problemas longe dos ouvidos dos amigos e
colegas.
Isso não indicia apenas ética, mas mostra que você
não se tornou um "código" de prateleira que não sabe falar de nada
que não seja trabalho e, ainda, se vangloriar tacitamente a respeito do seu
"imensurável" talento.
Sempre me perguntei, quando em meio a muitos
colegas, se eu gosto pouco de Direito, tendo em vista que não curto muito falar
a respeito de meu trabalho com eles, dos meus “casos” e dilemas profissionais.
Aliás, durante um bom tempo isso fez com que eu analisasse a minha visão acerca
do meu próprio oficio e amor por ele.
Todavia, de tanto conhecer advogados falastrões, eu
cheguei à conclusão que, em que pese não ter sido agraciada com uma poupança milionária,
eu sou muito “de bem comigo” enquanto advogada, de forma que, fora de sala de audiências,
longe de petições, eu não preciso demonstrar o meu talento, o meu amor pelo
Direito.
Assim no que tange a conversas profissionais, como
em qualquer área, quem é bom e de bem consigo não precisa inflar seu ego numa competição
velada para ver quem sabe mais. Se você precisa competir, que seja, meu caro,
na técnica, na ética, dentro de foros e plenários de debates jurídico.
A gente tem que ser leve, tem que ser discreto.
Happy hour, jantares, churrasco, almoços, foram feitos para espairecer, dar
risada, contar piadas, debater assuntos interessantes ou fúteis.
Falar sobre trabalho é chato, é cansativo e, em
alguns casos, aos desavisados pode indiciar que você é bom no que faz, mas
também demonstra que você não tem assunto nenhum que não se cinja ao Direito,
ou seja, você pode ser inteligente na profissão, mas é um burro em matéria de
conhecimentos gerais e cultura. Boring, again!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 15 de julho de 2014.
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