Orgulho de ser brasileira? Não, infelizmente.
Que pessoa estranha sou eu! As pessoas, em relação
à copa, dizem que o sonho terminou, mas que o “orgulho de ser brasileiro não”.
Eu devo ser uma pessoa muito problemática ou azeda mesmo, porque, sinceramente,
eu desconheço este tipo de orgulho.
Eu já tive orgulho do grande Airton Senna, da
seleção nacional quando ganhou de fortes adversários, já tive orgulho das
bandas de rock dos anos 80 e algumas dos anos 90, já tive orgulho das
paisagens, da beleza de alguns lugares, da inteligência de alguns escritores,
do talento de alguns atores. Mas, orgulho de ser brasileira, sei lá, eu acho
que nunca senti.
Toda vez que viajo e me deparo com as estradas,
tenho vergonha, toda vez que vejo as filas nos hospitais, a cobrança absurda
dos planos de saúde e os serviços deficientes que oferecem, também me
envergonho. Toda vez que passo por bares quando vou trabalhar e vejo cidadão
enchendo a cara, mas que vai receber o bolsa família sem trabalhar também
sinto.
Quando vejo o caos na educação, a remuneração parca
que pessoas que estudaram uma vida ganham, enquanto apresentadores de televisão
faturam milhões, eu também tenho vergonha. Jogadores de futebol, modelos, eles
fazem o que para a cultura e educação de nosso povo? Enfeitam a telinha, as capas
de revista, dão ensejo a ilusão de que, ao menos, no campo não passaremos
demasiada vergonha? É muito, muito dinheiro.
Isso sem contar a impunidade, as leis tragicômicas,
a corrupção por todos os lados, os impostos cuja renda aferida evapora. Orgulho
de ser brasileira? Desculpe, eu não tenho, mas, sem falsa modéstia, eu tenho
orgulho de ser eu: estudar desde sempre, batalhar 9 horas por dia e, ainda
assim, ter esperança de que um dia as coisas melhorem.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 10 de julho de 2014.
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