A dor da separação
Talvez exista, mas eu não conheço nenhuma pessoa que tenha passado por uma separação sem sofrer. Se existem os que se referem ao casamento como uma sociedade conjugal, digo que ninguém sai ileso à bancarrota desta sociedade.
Nela foram investidas expectativas, sonhos, planos, carinho, dedicação e aquela doce esperança de que o para sempre existiria e, como tal, não iria acabar. Mas acaba.
Nem todo “para sempre” acaba, mas nove em dez vezes ele finda sim. Você se casa com uma pessoa e, de repente, vê que ela se modificou ou, enquanto você crescia, ela mantinha-se estagnada.
Logo, de repente, não mais que de repente, você dorme e acorda com um estranho, com uma pessoa que tem prioridades diferentes das suas, que tem expectativas que não convergem com as suas.
E os filhos, como ficam os filhos numa separação? Mal, muito mal. Filhos, sejam crianças ou adultos, nunca se acostumam com a ruptura do casamento, porque ela representa a ruptura da família e de seu ideal do que seja uma: mamãe, papai e irmãos.
De repente seu mundo desaba e as suas crenças caem por terra. Uma separação afeta por demais a visão de amor e de matrimonio dos filhos de pais separados. Seguidamente os rebentos passam a crer que casamento algum dura para sempre.
Perde-se a fé no casamento, e, às vezes, no amor. Então você vive confuso. Mas, de toda forma, a separação é um mal necessário. Ninguém imagina viver longe de quem casou se esta feliz ao seu lado.
Sendo assim, os filhos precisam aceitar, todos precisam encontrar a melhor forma de passar pela pior fase de suas vidas. Ficar casado por conta dos filhos é um sacrilégio que nunca valerá a pena.
Se vai doer? Claro que vai. Talvez passem anos e você ainda sofra. Seres humanos não lidam bem com frustrações e nada pode ser mais frustrante do que o fim de um relacionamento que iniciou com o mais puro amor.
Não importa se estava um caos quando você resolveu findá-lo, existirão dias em que as lembranças boas virão lhe atordoar a mente, em especial se você estiver só. Ou, mesmo que esteja acompanhado, um dia você vai chorar sem saber por quê.
Pode ser a musica que tocou no rádio, o filme que passou na televisão, a comida preparada, enfim, alguma coisa vai fazer você lembrar-se de tempos passados e, o que judia, não é a saudade da pessoa especificamente, mas a saudade dos planos e sonhos que você desperdiçou.
De regra são muitos os sonhos desperdiçados e deixados para trás, muitas expectativas frustradas, muito sentimento reprimido, muita dor recôndita na sua alma. Dor esta que, cedo ou tarde, lhe dá uma agulhada no coração. Se um dia passa? Claro, depende do quanto você amou e de como era a sua relação.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 13 de agosto de 2013.