A graça na vida
Como existem pessoas entediantes nesta vida. Criaturas sem graça, insossas. Sem gosto, sem sabor, sem cor, tipo sopa de hospital para doente cardíaco e hipertenso. Por incrível que pareça a maioria das pessoas são, ou melhor, estão assim.
É difícil encontrar uma pessoa que brilhe sem fazer alarde, animada sem ser ansiosa, simpática sem ser “bajuladora”, educada sem ser hipócrita, agradável sem ser falsa, cômica sem ser tola, sarcástica sem ser grosseira. A regra é a total falta de graça, que programinha de humor de quinta-categoria supre a falta.
Acho que o mundo esta ficando meio sem graça mesmo (nem comédias realmente cômicas estão conseguindo criar). É muito problema, muita desilusão. Governo corrupto, povo indolente e passivo. Mulheres perdidas, pouca autoestima, homens solitários querendo pintar quadro de “garanhão felizardo”.
A vida segue e a graça vai se perdendo. Falta humor, jovialidade de espírito com responsabilidade e maturidade. Quanto mais os valores se esvaem pelo ralo da carência e hipocrisia mais a graça, o brilho, a luz, somem, findam.
Não é a vida que não tem graça são as pessoas que estão lhe perdendo. Perdendo ambas: a graciosidade e a vida. A vida em si é um presente apaixonante, uma escola de imensurável valor, coerente até mesmo na redundância, lógica na ilógica - só quem vive um dia após o outro sente a grandiosidade graciosa da vida.
Grande escola onde cada um interpreta as lições da forma que lhe apraz - com otimismo ou com lamentos, lamúrias. Sem ver que tudo ensina e que toda experiência, singela ou grande, faz crescer, evoluir, faz a formiga se tornar elefante mantendo a humildade dos pequenos.
Ausência de graça combina com “desgraça”, graça combina com risos, lágrimas de frustração sucedidas por riso de perdão, de compreensão e entusiasmo. O riso daquele que vive, erra e aprende.
Todavia nem todos estão no mundo sentindo a graça da sua e na sua existência. A maioria, amorfa, cruza os braços, finge que é feliz, que tudo esta bem. Não tem luz, não tem humor, mas tem, isto sim, barriga para empurrar o próprio viver.
Cláudia de Marchi
Concórdia/SC, 30 de novembro de 2006.
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