Pecadora
As pessoas não confessam os seus sentimentos vis. Na historia de vida da maior parte dos indivíduos não existe inveja, raiva, ódio, ciúmes, ganancia, arrogância e orgulho.
Às vezes sinto que estou num mundo de pessoas perfeitas, de pessoas que vivem vidas perfeitas, que estão sempre contentes, que desejam o bem para quem lhes faz mal!
“Céus, eu não valho nada!”. Penso em minha mente ativa. Só eu que já me vinguei, só eu que já desprezei, já odiei, já falei mentiras para ferir e ofender ao outro, só eu que sinto inveja das pessoas que tem a vida que sonhavam?
Sim, eu confesso! Já senti inveja! Você, provavelmente deve estar me achando péssima, porque você não sente inveja, não age sem pensar, não guarda rancor ou mágoa, não magoa nem fere ninguém, não sente raiva.
Você que é só amor, só sentimentos iluminados e graciosos joga pedra em mim, porque eu erro, porque eu já errei muito na minha vida graças a minha impulsividade, graças ao descontrole dos meus próprios sentimentos, do meu próprio coração.
Eu já agi errado, já me arrependi e quase enlouqueci por culpa! Ah, a culpa, o único sentimento capaz de fazer qualquer mente sã, endoidecer, de fazer o céu virar inferno.
Então, enquanto eu sofria amargando a culpa pelos meus atos passados, por ter agido sem pensar, por ter feito quem me amava chorar, eu invejava aqueles que não têm do que se arrepender na vida.
A verdade é que a minha inveja era voltada para tais pessoas: aquelas que sempre andaram na linha, aquelas que sempre pensaram antes de agir, aquelas que não se arrependem de nada, enfim, aquelas que não têm do que se arrepender em suas vidas.
Sou pecadora, sou imperfeita, sou complexa demais, embora alguns possam me achar complicada. Afinal, hoje eu exijo muito de mim, porque eu tenho direito de cometer novos erros, não os mesmos que já cometi.
Portanto eu me analiso, critico meu próprio agir, meus sentimentos, minhas ideias, meus atos. Exijo muito de mim e passei a exigir muito de quem intenta entrar na minha vida, me amar e ser por mim amado.
Eu não sou seletiva, porque sou perfeita, pelo contrário! Quero alguém que tenha o que me agregar, mas que não seja arrogante para querer me ensinar e, rapidamente, transformar-me numa copia fiel de si mesmo.
Cláudia de Marchi
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