C´est la vie
Uma pessoa pode ser tudo no mundo. Pode ser qualquer coisa: o mais virtuoso dos homens ou o mais abjeto, afinal todos possuem algo de perfeito e de vil em si. Todavia, o que um ser não pode ser jamais é falso, pelos mais moderninhos chamado de “fazido”.
O “fazido”, ou mais propriamente, o individuo falso é aquele que adora usar máscaras. Que diz não, quando o coração e corpo dizem sim, que diz sim quando acha que irá convir ao seu bom julgamento por parte dos outros.
São aquelas pessoas que vivem conforme a onda e, via de regra, pensando mais na opinião dos outros marinheiros do que na realidade de seu sentir e navegar. Admiro pessoas complicadas, introspectas, covardes, carentes, atrapalhadas, inexperientes, mas jamais uma pessoa falsa que vive fazendo “charme”.
A vida requer objetividade. Eu não quero. Agora eu quero. Eu não faço, ou eu faço. Todos os atos são válidos desde que honestos, desde que a pessoa não esteja traindo a si mesma quando fala, desde que não esteja tomando atitudes que vão de encontro com seus anseios e desejos, ainda que momentâneos.
Detesto falsidade, mais ainda: abomino hipocrisia. Não tolero pessoas que se colocam num pedestal quando na verdade deveriam ser humildes, não suporto vagabundas se fazendo de santas, não suporto pessoas fracas fingindo serem fortes, seres frustrados se fazendo de “experientes cansados da vida”.
Não tolero beatas, senhoras que rezam um terço e meio por dia e difamam pessoas honestas que não conhecem dizendo que são privilegiadas por seu Deus. Não gosto de quem tenta convencer aos outros de que sua vida é um mar de rosas e de que eles são os seres mais bem resolvidos do mundo.
Não aguento políticos corruptos apregoando honestidade, juízes que crêem ser uma divindade encarnada quando, na verdade, desconhecem a realidade da maioria brasileira que ganha menos de vinte mil reais mensais.
Não aguento não aceito, não suporto hipocrisia. Eu já disse né!? Mas não me canso de repetir.
Como nada posso fazer vou vivendo nesse mundo em que a falsidade predomina. Eu, minha desordem hormonal e minha gastrite variável, acompanhados pelo meu tradicional bom humor. C´est la vie.
Vivo feliz porque eu vivo o hoje, sem hipocrisias, sem palavras medidas para agradar aqueles que não pagam minhas contas, não choram, não riem, e tampouco colherão os louros de minhas vitórias por mim.
Eu não vim ao mundo para representar, se assim tivesse ocorrido teria me tornado atriz. Sou o que sou e só a vida poderá me mudar. Só um dia após o outro para me melhorar. Mas dias honestos. Vida intensa, sincera, sem meios termos. Vida feliz, nem sempre certa, nem sempre previsível, em meio a um mundo nem sempre errado, mas sempre inconstante.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 31 de janeiro de 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.