Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 21 de setembro de 2013

Falando errado

Falando errado 

"Nós comprou ali", frase dita por pessoa bem vestida, carrão, no salão de beleza num sábado a tarde, bolsa de grife caríssima, óculos também e visivelmente siliconada. Pessoa aparentemente endinheirada. Falando assim! 
 Vê-se de tudo por aqui, em alguns momentos penso que nunca vou me acostumar com isso. Não seria a cultura mais importante do que um par de seios? Vá fazer um curso de língua portuguesa, de oratória, completar o primeiro, o segundo ou o terceiro grau, enfim! 
 “Céus, isso não pode ser real!”, penso eu em minha vã ignorância. Já residi em várias cidades, convivi com pessoas sem instrução, mas nunca vi uma pessoa que investiu muito dinheiro em implantes de silicone, não saber falar direito. 
Uma pessoa com chave de camionete importada? Cultura, educação, classe, bom português, não faz ninguém melhor do que ninguém, mas silicone, cabelo cuidado, perna torneada, pele bronzeada faz? 
Bem, se alguém disser que sim ou que “para os homens faz” eu direi que se trata de pessoas acéfalas. Quem acha que sim e os homens que pensam de tal forma, que querem uma mulher que não possa abrir a boca. Para falar, é claro. 
Logo, dizer que estou errada e que sou “má”, porque acho um absurdo uma pessoa com condições financeiras negar-se a crescer culturalmente é uma faca de dois gumes e indicia duas coisas: a pessoa valoriza o que eu não valorizo, e, portanto, pensa como a “arrumadinha” semianalfabeta. 
Embora, já tenham me dito que as pessoas aqui do Mato Grosso falam errado e com o tempo eu vou falar também. Bem, talvez eu venha a falar, a me familiarizar com tudo isso e “morder a língua” vindo a falar palavrão como se fosse reclamar do clima, (com muita frequência, enfim), usando gírias demais e falando de forma errada e vulgar. 
Todavia, eu sou filha de caminhoneiro semianalfabeto. Meu pai sempre fez de tudo para que eu estudasse nos melhores colégios, tivesse livros excelentes, minha mãe, quando eu tinha sete anos, fazia-me dar livros de presente de aniversário aos coleguinhas. 
Enfim, não estou aqui para falar como meu pai e seus colegas falam, eu estou aqui para lhe dar orgulho, todavia, corrigi-lo, jamais. Eu o respeito e amo demais para fazê-lo, mas o meu pai, coitado, não tem dinheiro nem para arrumar os dentes, menos ainda para uma lipoaspiração ou algo assemelhado, porque se tivesse, com certeza, ele iria estudar! 
Afinal das contas, ausência de cultura, não é ausência de valores e princípios que é justamente o que falta a esta gente de mente leviana que dá demasiado valor as aparências e esquecem-se do que elas escondem. 
 Cláudia de Marchi 
 Sorriso/MT, 21 de setembro de 2013.

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