Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Pela (real) “cientificação” (pelos leigos) e humanização (pelos profissionais) da Psiquiatria.

Pela (real) "cientificação" (pelos leigos) e humanização (pelos profissionais) da Psiquiatria 

Eu sou uma pessoa curiosa desde criança e, para satisfazer minhas mil e uma curiosidades eu lia, assim, aprendi um pouco de tudo e, como diz a música, “de tudo um pouco mal”. 
Quando eu era jovem ocorreu um episódio na família recém-constituída pela minha tia, algo que chamou a minha atenção para as ciências médicas, especificamente, para a Psiquiatria. 
Como kardecista que sempre fui, imprimi um livro da internet que fazia um paralelo sobre a explicação espirita para os males psiquiátricos. Nunca me esquecerei da explicação dada para a síndrome do pânico, doença que ocorre entre os 20 e os 40 anos- via de regra- do paciente. 
Trata-se de um espirito que teve morte traumática e prematura noutra vida e vem a ter surtos de “lembrança, mal lembrada e assimilada” nesta, na mesma fase em que, outrora partiu, quando, então seu corpo começa a se afetar com a ansiedade generalizada e medo da morte que sente. 
Continuo com minhas crenças kardecistas, mas não as coaduno com nenhuma doença, até mesmo porque, pugno pela “cientificação” da Psiquiatria. Chega de leva-la superficialmente, chega de dar-lhe pouca atenção e culpar ao doente e não a doença. 
Você já procurou na internet o conceito de síndrome do pânico, de transtorno de ansiedade generalizada, de depressão, de transtorno de personalidade bipolar, de transtorno de personalidade maníaco depressiva? 
Você já viu alguém entrar num hospital para visitar um doente qualquer, vamos supor, uma pessoa que esta com pneumonia severa, e alguém lhe dizer que “tudo depende dela, que basta ela se esforçar, pensar positivo que ela irá melhorar”? 
Esquece-se, pois, que os remédios existem para fazer “a vez” de pensamento positivo, por exemplo, num quadro depressivo, posto que a pessoa, por "crise" em seus neurotransmissores não consegue mais formulá-los, enfim. O que diga-se e repita-se não é nem nunca será voluntário!
A ansiedade generalizada esta lá, no site do Dr. Drauzio Varella assim conceituada: “O transtorno da ansiedade generalizada (TAG), segundo o manual de classificação de doenças mentais (DSM.IV), é um distúrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono” (http://drauziovarella.com.br/letras/t/tag-transtorno-da-ansiedade-generalizada/) . 
De outra banda o Psicosite estabelece que: “uma pessoa que permaneça apreensiva e nervosa por um período superior a seis meses, ainda que tenha um motivo para estar começa a ter critérios para diagnóstico de ansiedade generalizada. Respeitadas algumas condições os sintomas que precisam estar presentes são: 1. Dificuldade para relaxar ou a sensação de que está a ponto de estourar, está no limite do nervosismo; 2. Cansa-se com facilidade; 3. Dificuldade de concentração e frequentes esquecimentos. 4. Irritabilidade. 5. Tensão muscular. 6. Dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório. Por fim, um critério presente em todos transtornos mentais é o prejuízo no funcionamento pessoal ou marcante sofrimento. Não podemos considerar os sintomas como suficientes para dar o diagnóstico caso o paciente não tenha seu desempenho pessoal, social e familiar afetados.” (http://www.psicosite.com.br/tra/ans/ansgeneralizada.htm)
 A respeito da depressão temos que existe uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. 
“Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos. Ao contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e sociais muitas vezes são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar que o estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que provavelmente é genética. A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresentam o problema em algum momento da vida.” (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/76depressao.html)
Todavia, como se vê os fatores psicológicos, ambientais e sociais são consequência e não molas propulsoras do estado de animo deprimido. Quanto à origem da doença, nada mais lógico ser a genética aliada ao estresse, a mesma do câncer, de problemas cardíacos, de diabetes, enfim, de inúmeros problemas de saúde e outras benesses, como um par de olhos azuis, um bumbum empinado e quadris largos! 
Enfim, proponho que os pacientes psiquiátricos sejam tratados da mesma forma que todos os doentes são tratados, sem estigmas, sem que a eles sejam atribuída à culpa pelo mal do qual padecem, porque, acredite, ser humano algum quer sofrer o que eles sofrem e só quem já sofreu ou viu alguém sofrer sabe o que isto significa. 
Doença psiquiátrica não é mote para ficar dormindo, drogado numa cama, num hospital ou em casa, quem é que deseja vegetar de tal forma enquanto a vida pulsa lá fora? Ninguém deseja, mas vegeta e vegeta por estar doente, apenas isso, nada além. 
Portanto, antes de pretender chegar a um paciente psiquiátrico com um chavão da era pré-freudiana dizendo para ele reagir, que a sua cura depende da sua vontade, relembre-se: você está diante de um doente e em nenhum lugar do mundo, existe a cura, pela mera vontade. Logo, uma vez pensado, cale-se e resigne-se a sua impotência (como em qualquer caso de problemas de saúde, seus ou alheios). 
Cláudia de Marchi 
 Sorriso/MT, 16 de setembro de 2013.

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