Estranha a vida! Lembro-me como se fosse hoje do “eu
te amo” mais sincero que já ouvi. Não foi um “eu te amo” regado a “mimimi”,
para ser franca, quem o disse nem era expert em condutas românticas, juras de
amor e palavrinhas melosas ao pé do ouvido. Mas era sincero, na cama e fora
dela!
Meu casamento não foi excelente não, havia
diferenças gritantes, mas, não nego e nunca negarei: ninguém olhou para mim com
tanta sinceridade no amor quanto aquela pessoa. Ah, ele me amava! Eu tinha
certeza, eu sabia. Não a toa perdoou tantos términos, tantos caprichos, tantos
outros beijos e vários fins e recomeços! Aquilo era amor, amor de verdade!
E, pasme, o primeiro “eu te amo” foi dito quase no
terceiro mês de namoro! Num show da Luka (na época ela era “modinha”, ao som de
“A aposta”). Confesso, a musica nem era tão romântica, acho até que enaltecia o
ego do gatão quarentão com a mocinha recém nos “inte”.
Ah, mas aquele show! Eu tomando água e coca-zero,
ele whisky e afins, de repente surgiu uma pegada na cintura e um “eu te amo”
que valeram por mil orgasmos! E foi sincero, o fez estremecer, fez o sujeito se
estranhar! Aquilo, meu amigo, era puro, em que pese o teor alcoólico no sangue
do sujeito!
Ah, mas por que eu lembro? Porque eu ainda amo meu
ex-marido, na época namorado? Não, não. Talvez em mim exista um carinho, mas eu
me recordo, porque, deste dia em 2006 até hoje eu ouvi muitos, muitos “eu te
amo”. Inúmeros, perdi até as contas!
Mas nenhum tão sincero, porque os “eu te amo” que
ouvi nunca fizeram aqueles que os diziam tremer, não parecia algo “estranho”
para eles, parecia um cumprimento de “tabela”, parecia um substitutivo para “eu
morro de tesão” por você. O que é razoavelmente comum e seria mais franco!
Ah, se eu dizia que amava àqueles que diziam que me
amavam? Sim, eu dizia. Falsa né?! Talvez, mas respondendo o desvalor na mesma
moeda. Se a pessoa fala que ama, ela quer uma recíproca né?! Não algo como “obrigada”.
Então eu dizia que amava sim! E, confesso, sentia algo que podia parecer amor,
sei lá!
Acho, porém, que fazer o cidadão se sentir,
efetivamente, amado, com carinho, valorização, elogios e o tal do “nunca fiz
isso antes” não vale muito a pena. O sujeito que já falou que ama falsamente
começa a se achar o gás da coca-cola e coloca a ilusão para perder com atos de “pouco
caso” e “romantismo”.
Sinceramente, de hoje em diante não tem elogio a
ego, não tem concordância com “eu te amo”! Vai ser amor quando amor houver e não
quando a ilusão e a vontade do outro em me iludir e a minha em revidar
prevalecer. Simples assim. Ou não. Na verdade, não.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 10 de abril de 2015.
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