Palavras, amor e curiosidade.
O que há de mais difícil neste mundo são pessoas
atentas ao amor. Ou ao que chamam de amor. Por que, será que todo o
"amor" que se vê por aí é amor mesmo? Do coração para dentro? Ou é
tesão? Ou é atração?
"Eu te amo" é corriqueiramente mais usado
do que "você me excita". E corriqueiramente mais frágil, mais falso.
Você não engana a excitação do corpo, mas pode mentir "eu te amo"
para ter ao seu lado alguém que, unicamente, lhe atrai.
O "eu te amo" vai muito além de palavras,
beijos quentes, risadas e fotinhos nas redes sociais. O amor envolve cuidado
constante, ternura, preocupação com o bem estar e vontade de fazer o outro
"estar" e ficar bem. O resto que me desculpe, mas é entretimento,
passa tempo, sexo bom, namoro legal. Nada além.
Ouvir eu te amo é uma delicia, mas sentir-se amado
é sensacional! Afinal das contas, algumas coisas quando unicamente ditas não
dizem nada. Exemplo disso é o tal do amor.
Sentimento que não faz o ser humano ser o melhor
que ele pode ser, não significa nada. É inócuo, não passam de palavras jogadas
ao vento. Bonitas, nem sempre convincentes, porque se o que é dito não se
coaduna com a forma com que se age, trata-se de engodo, de ilusão. De bobeira,
enfim.
O House tem uma frase que diz o seguinte: “Porque
palavras não importam. Ações importam. E se suas ações contradizem suas
palavras, eu nunca vou acreditar em você.” Então, dizer que ama, que idolatra,
que é apaixonado e ser relapso, não prestar atenção no que o outro fala, não ter
curiosidade sobre sua vida, sentimentos, passado, anseios, sonhos e desejos, não
me convence.
Dizer que ama e não ter curiosidade sobre o que o
outro gosta de fazer, sobre o que ele gosta de ler, sobre o que ele gosta de
ouvir e sobre suas raízes não é amor. Dizer que ama e não querer saber o máximo
sobre o outro é enganação.
Se até quando a gente gosta de um prato gastronômico
tentamos ir atrás da história dele, como não fazer o mesmo com um ser humano? Não
existe! Não se trata de amor, se trata de mera atração, simpatia ou sei lá o
que.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT,
07 de abril de 2015.
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