Estelionatários afetivos II.
Escreveu Shakespeare com uma perfeição e
assertividade assombrosa que depois de um tempo a gente “aprende que maturidade
tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu
com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos
seus pais em você do que você supunha.”
Pois que maturidade tem mais a ver com o que
experimentamos e aprendemos do que com nossa idade, disso ninguém com experiência
de vida duvida. O que nem todos sabem ou creem é essa questão de “termos” resquícios
de nossos pais que, talvez, nem gostemos neles.
Esse “algo” de nossos pais que há em nós, não é
proveniente apenas da criação e da educação. É um “não sei que” genético, ou
sei lá, quase inexplicável! Conheci uma pessoa que me contou quão mal caráter o
pai dela era. Aliás, seu maior medo era cometer com os filhos os erros do pai.
Egoísta, não? Queria não cometer com os seus
filhos, porque ele foi o filho afetivamente lesado, mas não tinha “freio” moral
para enganar e ludibriar afetivamente os outros. Dizia, a criatura, que não era
como o pai, que, segundo ela, era estelionatária ou algo assim.
Pois é, mas essa pessoa jurou amor para outra,
entrou na casa de uma pessoa, conheceu a família, falou de futuro com ela, família
e amigos. Até de filhos, o que seria o ápice do amar alguém! Então, pergunto
eu? Isso é o que?
Mentir afetivamente para uma pessoa seria o que?
Sociopatia? Egoísmo em alto grau? Sim! Mal caratismo? Também. Crueldade?
Também. Se fosse um tipo penal essa conduta seria chamada de “estelionato
afetivo”. E é. Fazer as pessoas crerem que há sentimento onde ele não há é de nível
baixo, porco, podre.
Mas essas pessoas usam de artifícios para se
acharem íntegras e “do bem”. Do bem sociopata só se for! Elas são boas com quem gostam, com quem lhes interessa. As outras
elas usam. Tipo história de estuprador que só respeita a própria mãe, sabe?!
Quem lhe interessa tem delas algo de razoável (impossível
ser algo muito bom!), quem não lhes interessa, quem é visto como mero objeto
para um fim pérfido é por elas usada e, consequentemente, usam o mau caratismo
que têm para fingir boas virtudes que não tem. Nem nunca tiveram. Nem nunca
terão. Lamentável!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 13 de abril de 2015.
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