Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A “culpa” do professor.

A “culpa” do professor.
Já fui aluna de graduação, pós-graduação e outros cursos. Agora sou professora, apaixonada pelo meu oficio e vejo pequenas falhas na conduta dos “recebedores de conhecimento”, os alunos, e comumente lhes chamo a atenção a respeito: o professor está ali para ser “usado”. Tem mais experiência prática e teórica que os alunos e está em sala para ensinar.
Mas, infelizmente, os alunos pensam sobre a morte da bezerra, o velório da andorinha, a doença da pulga e fica em sala, a grande maioria, apenas de corpo presente. O professor pede para fazerem questionamentos, eles cruzam os braços, dizem que compreendem quando, na verdade, estavam pensando no que tem na geladeira em casa para comer, na depilação que precisam fazer, nas calorias do kiwi, no tamanho dos peitos da professora, se o professor usa cueca ou não usa.
Eu já fui aluna e meu namorado, 18 anos mais velho que eu, ocupava meus pensamentos. Só não ocupava as “mãos”, porque há 14 (ou mais) anos não existia whatssap, facebook e afins!
Todavia, depois de “mil viagens” mentais as reclamações dos alunos são várias, afinal, mesmo sem “dever” e por ter ouvidos, ouço reclamações de colegas: “fulana não prende a atenção, porque usa slide”, “sicrana é devagar”, “beltrano é muito ligeiro” e o tradicional “profe a sua matéria é muito teórica, chata”. Ouço essas reclamações de alunos de 2º e 3º semestre, apenas.
Primeiramente, como uma pessoa que está sendo iniciada no mundo jurídico vai saber o que é “muito teórico” e o que não é? No direito, amiguinho, teórico mesmo é a “história” disso, a “história” daquilo e, ainda assim você precisa estudar a história! Direito, criatura é a Medicina da vida civil das pessoas.
Ah, você não quis fazer Medicina para não ter que estudar? Então, escolheu o curso errado. Errou, errou feio, errou “rude”! Estudante de Direito em nível inicial adora aquela coisa de programa jornalístico sensacionalista: “fulano matou beltrano com dois tiros”, “sicrano roubou fulano e deu uma facada ferindo-lhe gravemente”. Para acadêmico de Direito, isso é “pratico”.
Só que a universidade forma bacharéis em direito voltados à advocacia e não promotores de vara criminal, por exemplo. Para chegar a tal “ponto” a sua história precisará de muitos outros capítulos e, sabe bem qualquer advogado em inicio de carreira, será necessário entender como nascem os direitos civis, como se formam as relações jurídicas de pessoa para pessoa, de pessoa para com “coisas”, como surgem as obrigações e os contratos, assim como o dever de indenizar e uma série de relações civilistas complexas.
Ninguém é obrigado a gostar desta e daquela matéria, mas, para reclamar de algum professor ou disciplina, primeiramente é necessário ser aluno de corpo e mente presente em sala de aula, porque essa conversa de que a “culpa é do professor” não convence nem formiga em coma.
É preciso ter afinco e prestar atenção dentro e fora da sala de aula e, sobretudo, é preciso estar “maduro” no Direito, para saber o que é “pratico” e “necessário” e o que não é, afinal, nos primeiros semestres de faculdade o que “nunca foi ouvido”, ainda que seja juridicamente prático, parecerá distante e teórico. E é por isso que se estuda e, mais, é por isso que trabalhar na área ao longo da faculdade ajuda.
Não reclame, pois, se você não “dá” de si. Empenho e concentração são fundamentais, em qualquer curso, em qualquer estudo. E o tal do “mea culpa”, enfim, a analise da sua responsabilidade em relação aquilo que você reclama, é necessário em todos os aspectos da sua vida, jurídica, afetiva, emocional, profissional e psíquica. Pense nisso!

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 15 de abril de 2015.

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