Eu chuto!
Eu nunca tomei um fora! Sim, nunca nenhum namorado,
noivo ou marido chegou a mim com um discurso estilo “o problema não é você, sou
eu” ou “o problema é você e eu estou de saco cheio”.
Então eu pareço ser a pessoa com mais sorte no amor
que você já viu, certo?! Errado né, você não é uma pessoa tão tolinha para crer
nisso! Entre o terminar e o não terminar, entre, enfim, dar um pé na bunda de alguém
e não sofrer existe o chute, não é? E, acredite, chutar cansa.
Cansa, porque se você estivesse feliz ao lado da
pessoa não precisaria terminar a relação. Cansa, porque se frustrar é
exaustivo. Cansa, porque permitir que uma pessoa entre na intimidade da sua
alma, da sua casa e da sua família e, depois, ter que desistir dela, é chato
por demais.
Cansa, porque você não entra em nada para desistir,
para fracassar. Cansa, porque você sempre quer ser bem amado, você sempre quer
mais do que fotos bonitas e sexo quente, você quer amor, amor de manha, amor de
tarde, amor de noite! Você quer ser amado, você quer amar, cuidar e ser cuidado.
Você nunca mergulha para sair seco! Você nunca aceita alguém na sua vida, você
nunca se revela para um ilustre desconhecido querendo dispensá-lo em seguida. Nunca,
nunca, nunquinha!
Ah, mas é só não desistir! Não, não é. Porque mais
triste do que dispensar quem outrora dizia que nos amava e era por nós chamado
de “amor” é aguentar descaso, desrespeito e atitudes contraditórias. Contraditórias
entre o dito e o “agido”.
A questão que justifica a “longevidade” de muitos
namoros e casamentos é a pouca autoestima de um dos parceiros. O outro é
relapso, o outro é desleal, mas o cidadão que nutre pouco apreço por si mesmo
aceita tudo, porque ter uma companhia lhe faz bem. Porque sozinho ele é infeliz,
afinal não se ama, não se valoriza, não se respeita.
Eu, no entanto, me sinto sozinha quando me sinto
mal apaixonada. Quando me sinto envolvida com quem é diferente demais de mim
ou, com quem, podendo não me faz o bem que, eu sei, mereço. E, acredite, eu não
acredito em declarações de amor, eu acredito em atos, em gestos simples, muito
simples, mas reveladores do que, realmente, se sente. Sem tais gestos, cogito o
fim. O frustrante fim, aquele momento em que a gente para, pensa e conclui: “Eu
escolhi errado, eu ignorei os sinais, eu acreditei demais. Eu fui tola.”
Não suporto relações difíceis, complexas, não suporto
quem, podendo simplificar, complica. Não suporto pessoas de vida complexa, não suporto
pessoas que queriam estar num lugar, mas estão em outro e, então, coloco um fim
na relação, afinal, uma pessoa infeliz, jamais poderá fazer para mim o bem que
mereço. E eu sei que mereço muito, por isso eu chuto! Não sem dor, mas quiçá
feliz, afinal, a gente só pode acertar depois de deixar de errar.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 10 de abril de 2015.
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