Mau amor.
Se tem algo que eu gosto em mim é minha
personalidade espelho. Talvez por isso, depois dos 10 anos de idade nunca tive
paixão platônica ou não correspondida: me da atenção, eu lhe darei atenção, me
admira, eu lhe admiro, me trata bem, eu lhe trato bem, gosta de mim, vou gostar
de você, se interessa por mim, me permito interessar-me por você.
Não dou o primeiro passo afetivamente. Gosto de
segurança, de saber onde piso, para só depois pisar. Pode ser estranho, mas ser
assim me faz muito, muito feliz! Quem eu gosto e demonstra que gosta de mim,
começa a me conquistar.
Obviamente não sou o tipo que “é escolhida”, eu
lanço um sinal, se a pessoa o recebe e retribui em dobro ao quadrado elevado na
décima potencia, então teremos futuro. Eu só tomo atitude, efetivamente, quando
sinto que estou em terra firme.
É como mergulhar no oceano ou numa piscina. Na piscina
eu vejo a profundidade, a extensão, antes de jogar-me. No oceano isso é impossível,
pode ser mais emocionante, mas, em que pese eu adore uma emoção forte, no que
tange a minha vida afetiva eu gosto mesmo é de sentir-me segura.
Gosto de saber que estou ao lado e não à frente ou que,
quiçá, o outro esteja à minha frente. O que me repele, o que me afasta é eu
estar na frente no envolvimento, no gostar, no curtir o outro. Sou um espelho
e, como tal, reflito o que até minha pessoa vem.
Meus sentimentos e minhas respostas não existem sem
os sentimentos e respostas alheias. Eu preciso da imagem afetiva do outro para
animar a demonstrar a minha. Não é covardia, é astucia afetiva. Que me faz um
bem enorme, diga-se de passagem! Afinal, antes o desamor ao mau amor.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 26 de abril de 2015.
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