Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 11 de abril de 2015

Prato feito.

Prato feito.

Quando eu era mais jovem e gostava de homens muito mais velhos que eu uma amiga com quase o dobro da minha idade me dizia que quando nos relacionávamos com quarentões podíamos compara-los aos “pratos feitos” de restaurantes: eles são o que apresentam, não temos muito que escolher ou modificar em suas vidas.
Bem, na época eu estava na fase dos vinte e poucos anos. Adorava, era absolutamente fissurada por coisas difíceis, por embates, por desafios! Tinha uma autoconfiança masoquista. Acreditava que podia mudar pessoas, destinos, escolhas, vidas!
Hoje eu sei que sou incapaz de mudar até um ponto de vista. Nem quero. Nem insisto. Eu, simplesmente, desisto. Teve um tempo em que eu usava meus conhecimentos superficiais de mera admiradora da psicologia humana para ajudar quem eu achava que amava. Eu ia a centro espirita, lia livros técnicos, estudava, fazia de tudo para ajudar alguém que, voluntariamente ou por inércia, vivenciava uma situação complicada.
Hoje em dia, na beira da idade de Cristo, quando eu, com certeza, teria mais habilidade para lidar com embates complexos, eu não quero. Simplesmente, eu fujo deles como o capeta da cruz! Fujo de tudo o que exige demais das minhas emoções, do meu intelecto, da minha paciência, da minha beleza conservada a riso e pimenta.
Será que foi uma overdose de paciência no passado que me gerou esse repudio ao complicado? Não sei. Talvez seja preguiça de envidar esforços para o que deveria ser naturalmente descomplicado. Para o que, eu quero, seja simples, sem suor, sem lagrimas, sem complicações, sem complexos. Por que insistir num prato feito que tenha sabores que não me agradam? Não é melhor fazer um sanduíche? Fritar um ovo? Fazer uma omelete? Sinceramente? Acho que é.
Aos trinta e poucos anos eu quero a cereja do bolo! Chega de encarar o complicado, quando, tudo pode ser mais simples, mais doce. Ah, mas eu perdi a capacidade de amar? Não, não perdi. Apenas seleciono para onde direciono o amor que sinto: para alguém que precisa de uma psicóloga ou para mim que preciso de paz. Simples! Ou não.
Não é por isso que eu seja covarde! Disse o Caio Fernando Abreu com uma assertividade brilhante: "Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem”. Eu não sou covarde, eu tenho é muita coragem e acho que a vida é muito curta para “lutar” para relacionamentos darem certo, por exemplo. Se for para dar certo, para que lutar? Para que brigar? Para que batalhar?
Ah, mas se é fácil desistir? Desistir dói meu amigo, rasga o coração da gente. Desistir faz um vazio surgir, faz um insistente “por que” habitar na mente da gente: Por que não foi como parecia que era? Enfim, não foi e desistir requereu nosso brio, nossa coragem, nossa força!
Eu quero o que vem ao natural, o que se adequá, o que se encaixa, sem que eu precise ser instrutora de alguém. Eu quero alguém que cuide de mim, não quero ser mãe de parceiro. Eu quero um parceiro que eu abrace quando precisa, e que me abrace quando eu preciso.
Um parceiro que me dê colo e receba o meu, mas não alguém que precise ser ajudado, auxiliado e instruído, porque eu não tenho tempo na vida para ajudar alguém a superar problemas, traumas e amores, quando, na verdade, tudo o que desejo, é alguém que chegue maduro, que chegue pronto para ser devorado e amado de corpo e alma, porque se tem uma coisa que eu sei fazer com talento é amar! Ah, de falta de amor, ninguém reclama de mim! Só falta encontrar quem faça por merecer esse amor todo. Só isso! Coisa pouca.
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 11 de abril de 2015.

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