Habitat do “faz de conta”
Teimo em ver as redes sociais como o habitat das auto-afirmações, o lugar onde todos superam com facilidade as suas frustrações, o lugar em que a realização bate à porta de praticamente todo mundo.
Ali gente traída se recupera rapidinho e sai publicando fotos de seus novos momentos de felicidade e alegria, ali ninguém chora no travesseiro, ali as pessoas se manifestam, nem sempre se valendo da verdade, mas, quase sempre, querendo convencer a sociedade de que são mais realizadas do que, de fato, são.
O Facebook é o mundo das ilusões, o mundo das superações rapidíssimas, o mundo da alegria, do contentamento, o mundo em que nada falha, nada machuca, nada faz doer, o mundo em que todas as dores são surpreendentemente passageiras.
Ali tudo se supera, ali se passa por cima de qualquer espécie de mágoa e dor, ali as pessoas vão a festas e estão sempre sorrindo, alegres e felizes, independentemente de dependerem da ajuda dos pais no final do mês ou de deixarem o filho em casa para saírem se exibir na sociedade e, claro, tirar fotos.
Que graça tem se arrumar, colocar salto alto, pedir um drink caro e não tirar foto para postar no Facebook? Nenhuma, é claro. A vida das pessoas não teria a mesma luz e o mesmo brilho se elas não pudessem publicar suas “façanhas” nas redes sociais.
Exemplo disso é que as pessoas mais intimistas e melhores resolvidas são as que menos publicam frases alardeando a sua felicidade, a sua realização plena e as bênçãos que a vida lhes deu.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 25 de maio de 2013.
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