As mulheres das
letras sertanejas.
Já faz alguns
anos que venho notando um decréscimo na decência e na sanidade das mulheres
retratadas pelos sertanejos. Esses novinhos, os “gatinhos”, os universitários. Os
clássicos costumam não degradar a mulher, até elas costumam ter atitude em suas
musicas, ao menos se dão ao trabalho de “cornear” o sujeito que não as cuida. Sei
lá, não vejo tanto mal. Dor de amor até que é bonitinha! E nada pode ser pior
que uma traição né!? Então, acho aceitável até aí.
Agora, que “infestada”
é essa de letras onde as mulheres pagam mico, bebem até cair no chão da balada,
se esfregam, se assanham, saem dando desvairadamente para o sujeito que chegou à
amiga, correm atrás do sujeito que ganhou dinheiro e coisas (ridículas) afins?
Pergunto-me:
seria esse o retrato da mulherada hoje em dia? Dessa mesma juventude que não conhece
Chico Buarque, que não conhece, (dentro do próprio gênero), Almir Sater e
Sérgio Reis, mas que está “piradinha” na balada e fica babando no cara que
dirige a tal da land rover? Pois é, o triste é que pode ser isso.
Com certeza
esses sujeitos se inspiraram em algo para compor suas “pérolas” musicais. Frise-se
que não estou aqui desmerecendo todos os cantores, inclusive, em matéria de
musica (a “batidinha”) das canções não são ruins, são bem “comerciais”, diga-se
de passagem.
Mas é impossível
sentir alguma emoção positiva ao ouvi-las. Sei lá, algo que toque a alma. O máximo
que acontece é, instintivamente, mexer o pé. Mexer mal, no meu caso, porque
definitivamente não sei dançar e, ainda, morro de vergonha de dançar com
desconhecidos. Só arrisco fazer um fiasco se conheço a pessoa, se namoro,
então, melhor ainda. De toda forma, sou quase um peixe fora d´agua no Mato
Grosso.
Gosto mesmo de
dançar rock! Modéstia a parte até sambo bem, mas essa coisa de dançar junto
desperta em mim uma coisa esquisita: o cara tem que guiar, você não pode
rebolar, etc.! Gente, “como assim”?! Acho que não sou bem “mandada” nem num
bailão. Às vezes morro de vergonha, mas daí ouço a letra e vejo que tem algo
mais infame do que meu desempenho no “arrasta pé”.
Sei lá, mas eu
ainda acho que nem todas as mulheres são malucas, alcoólatras ou vadias. Seriam
as mental e moralmente saudáveis exceções? Sinceramente, prefiro nem pensar a
respeito, mas, por favor, está mais do que na hora de sermos vistas sob um
ponto de vista mais romântico e valorizado né?!
Sei lá, existem
as que estão se lixando para o carro do sujeito, para o dinheiro e para o status,
existem as que pagam sua bebida sem fazer fiasco, existem as que se valorizam,
que se amam e se respeitam. Nem todas as mulheres são como as retratadas nessas
musicas. E depois tem gente besta que vem dizendo que o “sertanejo” fulano de
tal escolhe a mulher que quer para levar para a cama.
Do alto de minha
mente imaginativa, fico pensando no desempenho do sujeito chauvinista que já
leva a criatura pra cama sabendo que ela só está abrindo as pernas pra ele porque
ele é famoso e rico. Minha nossa, melhor não imaginar! Xô imaginação, xô
imaginação, meu cérebro e meu estomago não merecem tal “visão”.
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 24
de janeiro de 2015.
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