Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

domingo, 11 de janeiro de 2015

O personagem de Jake Gyllenhaal, Schopenhauer, máscaras e as pessoas que “se acham”.

O personagem de Jake Gyllenhaal, Schopenhauer, máscaras e as pessoas que “se acham”.

As pessoas me geral tendem a crer que aquelas criaturas com atos orgulhosos, pescoço erguido e nariz empinado, que agem como se “se achassem” superiores as outras, realmente tem algo de superior e, mais, realmente se sentem melhores.
A questão é que quem é, não se acha, simplesmente é! Essa coisa de ser arrogante e cheio de si perante os outros, nada mais é do que um disfarce bem elaborado de uma personalidade insegura e problemática. E, via de regra, tais pessoas pegam o que consideram serem seus “pontos fortes” para compor sua fantasia.
No filme “Amor e outras drogas” com a bela Anne Hathaway e com o super sexy e charmoso Jake Gyllenhaal ele interpreta um representante comercial do laboratório Pfizer. Desde jovem, um galanteador perspicaz.
Escolheram um ator esteticamente perfeito e charmosíssimo para interpretar o personagem que, no curso da bela e apimentada história, se apaixona pela personagem de Anne que, por sua vez, é doente. A história é excelente, mas existe nela algo muito interessante que me chamou a atenção.
O representante comercial lindo e sexy “conquista” desde a juventude um numero enorme de mulheres, mas, confessa a amada, ainda na fase “pré-amor” que se sente inseguro por não agradar ao pai e outros probleminhas afins. O sujeito não se ama, enfim.  
O personagem anda de cabeça erguida, carrão, ganha bem, ostenta belas roupas e um corpo formidável. Sempre saiu com várias mulheres. Enfim, ele parece que “se acha”. Aliás, ele teria tudo para ser uma pessoa muito de bem consigo. Mas não é. É frágil e inseguro. Só que não aparenta, usa máscara.
As pessoas, em geral, principalmente as que têm problemas de autoestima, as que teriam tudo para serem felizes e realizadas consigo mesmas, nem sempre o são. Freud explica, a psicanalise explica. Pessoas que assimilaram comentários e julgamentos na infância e acabam carregando dentro de si uma autoimagem relativamente negativa pela vida afora saem de onde se sentiam desconfortáveis, mas o desconforto não sai delas.
Mas, quem quer aparentar ao mundo que é fraco e não forte? Infeliz e não feliz? Inseguro e não seguro? Ninguém. Então as pessoas usam belas roupas, compram belos carros, saem todo final de semana, transam com o maior numero de pessoas possíveis, se enaltecem com o “cativar” alheio, sem, no entanto, ser cativado por si mesmo.
Mas, ora, aparência é “tudo” nesse mundo, certo?! Então você diz que a pessoa “se acha” quando, na verdade, ela não é nada e o “se achar” é mero disfarce. Disfarce que, como todas as máscaras, convence os outros, não a pessoa em si.
É por tal motivo que Schopenhauer disse que: “O homem só pode ser si mesmo por completo enquanto estiver sozinho; por conseguinte, quem não ama a solidão, não ama a liberdade; pois o homem só é livre quando está sozinho. Cada qual evitará, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor de seu próprio ser. Porque na solidão o mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o espírito elevado toda a magnitude de sua grandeza; em suma, cada qual sente aquilo que é. O que faz os homens sociáveis é sua incapacidade de suportar a solidão e, nela, a si mesmos.
Pessoas inseguras e que, aparentemente se acham, dependem da socialização para, fugindo de si mesmas, sentirem-se melhores do que são, porque apenas diante dos outros elas sentem um “que” de satisfação ao ver que o conceito alheio a seu respeito é melhor que o delas mesmo. Complicado? Mas não incompreensível.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 11 de janeiro de 2015.



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