O personagem de Jake
Gyllenhaal, Schopenhauer, máscaras e as pessoas que “se acham”.
As pessoas me
geral tendem a crer que aquelas criaturas com atos orgulhosos, pescoço erguido
e nariz empinado, que agem como se “se achassem” superiores as outras,
realmente tem algo de superior e, mais, realmente se sentem melhores.
A questão é que
quem é, não se acha, simplesmente é! Essa coisa de ser arrogante e cheio de si
perante os outros, nada mais é do que um disfarce bem elaborado de uma
personalidade insegura e problemática. E, via de regra, tais pessoas pegam o
que consideram serem seus “pontos fortes” para compor sua fantasia.
No filme “Amor e
outras drogas” com a bela Anne Hathaway e com o super sexy e charmoso Jake
Gyllenhaal ele interpreta um representante comercial do laboratório Pfizer. Desde
jovem, um galanteador perspicaz.
Escolheram um
ator esteticamente perfeito e charmosíssimo para interpretar o personagem que,
no curso da bela e apimentada história, se apaixona pela personagem de Anne
que, por sua vez, é doente. A história é excelente, mas existe nela algo muito
interessante que me chamou a atenção.
O representante
comercial lindo e sexy “conquista” desde a juventude um numero enorme de
mulheres, mas, confessa a amada, ainda na fase “pré-amor” que se sente inseguro
por não agradar ao pai e outros probleminhas afins. O sujeito não se ama,
enfim.
O personagem
anda de cabeça erguida, carrão, ganha bem, ostenta belas roupas e um corpo
formidável. Sempre saiu com várias mulheres. Enfim, ele parece que “se acha”. Aliás,
ele teria tudo para ser uma pessoa muito de bem consigo. Mas não é. É frágil e
inseguro. Só que não aparenta, usa máscara.
As pessoas, em
geral, principalmente as que têm problemas de autoestima, as que teriam tudo
para serem felizes e realizadas consigo mesmas, nem sempre o são. Freud
explica, a psicanalise explica. Pessoas que assimilaram comentários e
julgamentos na infância e acabam carregando dentro de si uma autoimagem relativamente
negativa pela vida afora saem de onde se sentiam desconfortáveis, mas o
desconforto não sai delas.
Mas, quem quer
aparentar ao mundo que é fraco e não forte? Infeliz e não feliz? Inseguro e não
seguro? Ninguém. Então as pessoas usam belas roupas, compram belos carros, saem
todo final de semana, transam com o maior numero de pessoas possíveis, se
enaltecem com o “cativar” alheio, sem, no entanto, ser cativado por si mesmo.
Mas, ora, aparência
é “tudo” nesse mundo, certo?! Então você diz que a pessoa “se acha” quando, na
verdade, ela não é nada e o “se achar” é mero disfarce. Disfarce que, como
todas as máscaras, convence os outros, não a pessoa em si.
É por tal motivo
que Schopenhauer disse que: “O homem só pode ser si mesmo por completo enquanto
estiver sozinho; por conseguinte, quem não ama a solidão, não ama a liberdade;
pois o homem só é livre quando está sozinho. Cada qual evitará, suportará ou
amará a solidão na proporção exata do valor de seu próprio ser. Porque na
solidão o mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o espírito elevado toda a
magnitude de sua grandeza; em suma, cada qual sente aquilo que é. O que faz os
homens sociáveis é sua incapacidade de suportar a solidão e, nela, a si mesmos.”
Pessoas inseguras
e que, aparentemente se acham, dependem da socialização para, fugindo de si
mesmas, sentirem-se melhores do que são, porque apenas diante dos outros elas
sentem um “que” de satisfação ao ver que o conceito alheio a seu respeito é
melhor que o delas mesmo. Complicado? Mas não incompreensível.
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 11
de janeiro de 2015.
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