Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Beleza e segurança: o ensinamento da cena de “Felizes para sempre?”

Beleza e segurança: o ensinamento da cena de “Felizes para sempre?”

Quando eu falo em coisificação da mulher, me refiro à supervalorização do belo que leva inúmeras criaturas do sexo feminino a focar unicamente na estética, em ficar cada vez mais belas. Belas no conceito da maioria a respeito de belo.
E, assim, esteticamente lindas, se tornam dependentes de olhares, se amam fisicamente e ao mesmo tempo desejam ser amadas, mas, não raras vezes, colocam outras virtudes em segundo plano. Sei lá, cultura, inteligência, senso de humor, leveza, alegria de viver! Atraem, abrem a boca por mais de 20 minutos e repelem.
Todo mundo, creio, goste de ser admirado, goste de “causar” impressão positiva. E, antes de alguém chegar até nós e ouvir o que temos para dizer, vai, invariavelmente, olhar o que temos para mostrar, obviamente.
Eu, no entanto, sou meio avessa a extrema valorização da aparência, desde jovem, 99,9% dos meus relacionamentos, longos ou curtos, se iniciou por alguma forma de interação virtual. Eu gosto de conquistar pelo que tenho de diferente, não pela beleza, não pelo corpo. Bunda dura e peito firme, quem não pode ter?
Sempre fui assim e sempre fui ciente de que pessoas que entabulam relações virtuais, de regra, são pouco belas, ou se acham pouco belas. Nunca foi o meu caso. Na verdade desde criança tive um corpo de menina mais velha, nunca gostei de olhares pecaminosos na minha direção, me sinto constrangida, ou sei lá.
Eu gosto de poder escolher quem vai me olhar com desejo! Tipo, não gosto que quem não me interessa fique me “secando”, me chamando de “gostosa” e outros adjetivos vulgares afins. Eu sou um ser humano esquisito ao extremo, mas, uma coisa eu noto, eu gosto de mim, não sinto inveja da aparência alheia, por exemplo. Algumas eu acho linda, outras eu não acho, tenho o meu gosto e estilo de corpos. Gosto de simetria, elegância, e algo de esguio, Julia Roberts “style”.
O que tanto lamento com a paranoia da aparência, é que para alguns, ela esta virando tudo! Ter um corpo atraente (e quando falo em atraente falo a olhares, mormente o do sexo oposto, esse papo de ficar bonito só pra si é conversa pra boi dormir), às vezes se torna a meta máxima da vida do individuo. “Eu quero ficar assim, porque meu marido gosta assim”, dizem algumas.
Ontem uma amiga virtual me falou que, no salão, ouviu uma mulher dizer “ai, eu acho tão lindo cabelo curto, queria cortar”, ela disse, então, pra mulher cortar e ela respondeu que o “marido gosta de melenas longas”, então, a minha amiga disse: “Então diz pra ele deixar os cabelos crescerem”. Se eu fosse uma pessoa demasiado mansa e de personalidade muito maleável, possivelmente não estivesse solteira.
Terminei um noivado, logo após cometer uma loucura para agradar ao noivo: ele queria que eu ficasse morena. Pois eu, na época, menos segura e mais romântica, fiquei. Odiei-me. Já havia ficado morena antes e sempre me amei, mas aquela fez, talvez por ter feito para agradar, me senti péssima, quase estuprada! Pois gastei quase dois mil reais em três dias e voltei a ser loira.
Quinze dias depois terminei o noivado, mais alguns meses depois decidi mudar de cidade e de Estado e, desde então, percebo em mim uma total ausência de tendência a agradar aos outros. Se, agradando o outro, eu me agrado, ótimo! Faço! Se não, não faço. Preocupo-me em agradar a empresa na qual trabalho, ser responsável e competente profissionalmente.
Todavia, não me importo em tentar agradar com minha aparência quem deve gostar de mim como sou, sabe por quê? Porque eu não cobro de namorado que ele emagreça ou engorde, que ele malhe ou durma mais, eu deixo livre!
Esse é meu jeito de me relacionar, não estou ligando para o corpo do cidadão, estou ligando para o que ele sente, como ele me trata e como me agrada entre quatro paredes, se isso amornar, ele pode estar saradíssimo que eu não vou querer. E, para mim, essa coisa de tesão não tem muito a ver com a boa forma do parceiro, mas com algo de “caliente” que está muito além da aparência, está no ato, no beijo, na pegada.
Enfim, se ter um corpo forte e definido lhe faz bem, tenha! Se ser magra lhe faz bem! Mantenha-se ou “seque”! Se ser gordinha e cheia de curvas lhe faz bem, ótimo! Não deixe, porém o mundo lhe mudar, os conceitos de belo lhe fazer sentir-se feia, porque conceitos, são só conceitos.
Já tivemos época em que ser redondinha era sinônimo de lindeza, outras em que ser magérrima se tornou “moda”, conceitos mudam, o seu autoconceito é que deve lhe fazer bem e feliz. O que digo, então?! Impossível fugir do anseio pela beleza, eu só desejo um mundo onde homens e mulheres se sintam mais belos do que anseiem a beleza de forma doentia e cheia de sacrifícios.
Essa valorização demasiada do corpo está se tornando algo inatingível como a “felicidade” é para a maioria, todos falam em ser feliz, em querer ser feliz, mas poucos se sentem felizes! Certo?! Logo, porque não aceitar suas imperfeiçoes, valorizar seus pontos fortes e sentir-se belo, sentir-se lindo?!
Sinto que as pessoas correm atrás de algo que se torna inalcançável, porque quanto mais a pessoa coloca empenho em ser belo, mais ela tenderá a valorizar demais a beleza e, consequentemente, a comparar-se com outros e, assim, nunca se sentir perfeito. Perfeito nos termos da moda, perfeito de acordo com a televisão e revistas. O que temos é um mundo de artificialismos, onde a beleza natural está sendo soterrada. Sei lá, eu me confundo com essa história, só acho que exageros não são saudáveis. E eu não tenho paciência para eles.
Sabe o que a cena da série com a lindíssima Paolla Oliveira deveria nos ensinar? Não só como uma bunda linda nos agrada, mas como é sexy e essencial sentir-se segura, se despir e sair andando na frente do outro. E isso, meu amigo, não depende só do que você vê no espelho, depende de como você se sente consigo mesmo.
Segurança, ainda é muito atraente e as pessoas estão carecendo dela, esquecem-se de se amarem, enquanto buscam o corpo perfeito. Uma coisa, no entanto, é o que você vê refletido no espelho, outra é como você se sente. Não precisa ser leitora da “Nova” para saber que existem mulheres lindas e inseguras sobre a própria beleza e mulheres fora dos padrões seguras de si, ousadas, despudoradas entre quatro paredes. Essa segurança, aí, na hora da cama faz toda a diferença e, falando por mim, o homem não precisa ser fisicamente perfeito e ser lento, travado, amedrontado, pode ser gordinho ou “sequinho”, tendo atitude e segurança, pra mim esta ótimo! Logo, não basta ter a bunda linda da Paolla, tem que ter a atitude e autoconfiança da Danny, daí sim a sedução é perfeita. Ah, mas ela é “prosti”?! E daí?! entre quatro paredes e com quem você confia você pode agir como quiser, ser quem quiser. 

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de janeiro de 2015.

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