Longevidade pra
que?
As pessoas
gostam tanto de quantidade que seguidamente os “segredos de longevidade” que se
ouve são estranhíssimos. Sei lá, eu não sei que graça tem uma vida sem comer
carne, sem tomar cerveja ou vinho, sem nunca comer doce e sem fazer sexo.
Certo, quando
falo em sexo, falo da boa e velha sacanagem feita com intimidade. Com quem a
gente confia, com quem nos respeita, com quem podemos falar sobre tudo e mais
um pouco, não dessa coisa descompromissada de “dia sim, quatro dias não”.
E não estou aqui
falando do tal de “fazer amor” que eu acho tão absurdo e vulgar que prefiro nem
usar tal expressão. Amor a gente vive, não faz. Amor é sentimento. Sexo é
sacanagem, despudor e intimidade. Sexo bom, claro.
Aliás, as
pessoas não privilegiam muito a intimidade. Não conversam, não se sentem á
vontade para se abrirem com seus parceiros e, com certeza, o que fazem não tem
a qualidade que poderia ter. Também, esperar o que de gente que prefere o
descompromisso? Nada muito diferente.
Eu gosto de ter alguém.
E só. Não de ser de vários ou ter vários. Quem tem muitos não tem ninguém, quem
é de muitos não é de ninguém. Meu lado romântico, aliado ao meu lado sacana,
faz de mim uma pessoa atípica e até incompreendida. Mas não me importo. Ponto.
Enfim, as
pessoas querem viver muito, comem pouco, malham muito, bebem quase nada, suam
horrores. E, em minha opinião, se divertem pouco, riem pouco, porque não tem
como ser feliz sendo tão rígido consigo mesmo, se escravizando em prol de uma saúde
que, de repente, nem será necessária ter: vai que você morra atropelado? Adiantou
do que não ter colesterol e etc.? Adiantou o que deixar o chopp para “outra
hora”?
Não quero com
isso fazer apologia a uma “vida louca e desregrada”, quero, isso sim, dizer que
a felicidade está na leveza, no meio termo, no saber abrir exceções, na ausência
de paranoia. Quem se escraviza em prol da saúde é doente. Da cabeça, no caso.
Detesto aquele
papo dos que não curtem refrigerante, sódio, açúcar, álcool, glúten,
conservante, carboidrato, gordura. Todo ser humano, no século XXI, sabe bem o
que é saudável e o que não é! Ninguém precisa de um fiscal dizendo que isso ou
aquilo não fazem bem.
Eu tomo coca
zero. Eu sei que não faz bem. Eu adoro tomate com muito sal, eu sei que sódio não
faz bem. Eu gosto de carne crua, de picanha “berrando”, de costela gorda, de
pizza, de macarronada, de vinho, espumante e cerveja. Eu sei que nada disso é “pró-saúde”.
Mas me faz bem,
me faz feliz! Desde criança eu me implico com minha mãe. Ela fuma. Cigarro mata.
Quem não sabe?! Todavia, tensão nervosa e estresse também matam, ansiedade mata
e, se fumar a faz espairecer e aliviar as tensões?! Deixei, portanto de
incomoda-la.
Às vezes duas
horas de riso, piada, gargalhada e comida boa podem ser mais saudáveis do que
um prato de salada e uma corrida. Sabe por quê? Porque ter uma vida longa, sem
riscos e imersa em tédio e “perfeccionismo” pode ser muito pior do que viver
menos e se divertir bastante.
Sei lá, não sou
exemplo de nada com minhas características hedonistas, mas, uma coisa é certa,
pra infeliz, mal humorada e chata eu não sirvo e, quer saber, pra mim está
dando certo viver assim! Leve na alma, não no corpo. Alegre, contente e
parceira para pecados à mesa e à cama, com quem conquista minha admiração. E meu
coração. E meu estomago.
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 23
de janeiro de 2015.
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