Anti-comum.
Estarreça-se!
Surpreenda-se! É muito bom sentir algo de avassalador lhe invadir o peito e a
alma. Tão bom, quanto raro! Raríssimo! E, se surgir algo assim, entregue-se! É
quase um milagre se surpreender em demasia neste mundo!
Enfim:
estarreça-se! Viva! Não tenha medo do raro, das exceções. A menos que a regra
lhe agrade. Não adianta lutar contra seus gostos e instintos, certo? Se você gosta
das predileções da maioria, da cultura da maioria, da forma de agir, ser e
pensar da maioria, você, com certeza, não vai ter nenhuma sensação de
estarrecimento em virtude do raríssimo!
Basta abrir a porta
da sua casa, colocar qualquer roupa e ir a qualquer lugar, lá estará a maioria:
com sua forma de pensar semelhante, com suas “leituras” semelhantes, anseios
semelhantes e louca para assistir “Cinquenta tons de cinza” no cinema. Ou ler o
tal do Nicholas Sparks.
Essa é a vida. A
regra da vida. O comum, o corriqueiro. O que me estarrece, portanto? Quem vai
além do óbvio, quem não faz o que todos fazem, não ouve o que todos ouvem, não lê
o que todos leem, não assiste o que todos assistem, não pensa como quase todo
mundo pensa. E, principalmente, não age como todo mundo! Pode agir de forma
mais insana, isso me agrada!
Agrada-me quem vai
mais a fundo, quem desce a determinadas profundezas, quem não fica no raso,
desejando o raso, se contentando com o superficial, o trivial, o comum. Normal pode
ser um adjetivo, mas comum, na minha concepção não é.
Não num mundo em
que aparência é mais valorizada que essência, em que jovens não se importam
tanto em estudar e nem anseiam trabalhar como desejam um corpão sarado e um
marido abonado. Num mundo em que as letras das músicas mais ouvidas tratam a
mulher como um ser louco e que adora carro importado.
Enfim, esses
seres comuns podem estar comigo numa janta, junto aos meus conhecidos, podem me
fazer dar risada, mas nunca serão escolhidos para dormir comigo, para estar ao
meu lado romanticamente. Como advogada, professora e mulher humorada, não sou
tão chata, mas, como possível namorada eu sou. E é nessa parte de minha
seletividade que o comum não me satisfaz, pelo contrário, dá náuseas.
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 08
de fevereiro de 2015.
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