Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Anti-comum.

Anti-comum.

Estarreça-se! Surpreenda-se! É muito bom sentir algo de avassalador lhe invadir o peito e a alma. Tão bom, quanto raro! Raríssimo! E, se surgir algo assim, entregue-se! É quase um milagre se surpreender em demasia neste mundo!
Enfim: estarreça-se! Viva! Não tenha medo do raro, das exceções. A menos que a regra lhe agrade. Não adianta lutar contra seus gostos e instintos, certo? Se você gosta das predileções da maioria, da cultura da maioria, da forma de agir, ser e pensar da maioria, você, com certeza, não vai ter nenhuma sensação de estarrecimento em virtude do raríssimo!
Basta abrir a porta da sua casa, colocar qualquer roupa e ir a qualquer lugar, lá estará a maioria: com sua forma de pensar semelhante, com suas “leituras” semelhantes, anseios semelhantes e louca para assistir “Cinquenta tons de cinza” no cinema. Ou ler o tal do Nicholas Sparks.
Essa é a vida. A regra da vida. O comum, o corriqueiro. O que me estarrece, portanto? Quem vai além do óbvio, quem não faz o que todos fazem, não ouve o que todos ouvem, não lê o que todos leem, não assiste o que todos assistem, não pensa como quase todo mundo pensa. E, principalmente, não age como todo mundo! Pode agir de forma mais insana, isso me agrada!
Agrada-me quem vai mais a fundo, quem desce a determinadas profundezas, quem não fica no raso, desejando o raso, se contentando com o superficial, o trivial, o comum. Normal pode ser um adjetivo, mas comum, na minha concepção não é.
Não num mundo em que aparência é mais valorizada que essência, em que jovens não se importam tanto em estudar e nem anseiam trabalhar como desejam um corpão sarado e um marido abonado. Num mundo em que as letras das músicas mais ouvidas tratam a mulher como um ser louco e que adora carro importado.
Enfim, esses seres comuns podem estar comigo numa janta, junto aos meus conhecidos, podem me fazer dar risada, mas nunca serão escolhidos para dormir comigo, para estar ao meu lado romanticamente. Como advogada, professora e mulher humorada, não sou tão chata, mas, como possível namorada eu sou. E é nessa parte de minha seletividade que o comum não me satisfaz, pelo contrário, dá náuseas.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 08 de fevereiro de 2015.

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