Deixar.
Às vezes tudo que temos que fazer é deixar. Se a
nossa opinião não é valorizada, solicitada ou ouvida, resta-nos calar,
resta-nos deixar o outro fazer o que bem entende e seguir o caminho que, desde
sempre, ele escolheu e foi só dele.
Se a nossa ajuda não é bem vinda, se as sugestões que
estão ao nosso alcance dar são ignoradas, se a forma que temos de auxiliar não é
estimada, nada podemos fazer. De nada adianta insistir no que não quer se
abrir. Bater numa porta fechada pode ser nobre, tentar invadi-la à força é
tolice. Deixe que a ventania da vida abra as portas e as janelas daquele que
quer ficar “trancado”.
As pessoas, em sua maioria, quando são orgulhosas, querem
concordância, elas não querem ouvir outras ideias. Elas ignoram outros pontos
de vista. Eis aí a palavra “ignorância”! Frise-se que nada pode ser mais duro
de romper do que a ignorância alheia.
Como fazer uma pessoa conhecer o que ela não quer? Compreender
o que ela desconhece? Se importar com o que ela não compreende? Na verdade o
ser humano só muda quando ele quer, ele só aprende quando ele quer e, ainda
assim, se for duro, não vai aprender.
Existem pessoas de alma dura, existem pessoas que
ignoram o amor que sentimos e o bem que lhe queremos, existem pessoas que não admitem
que precisam de nosso auxilio, de nossos conselhos e, por não admitir, não resta-nos
afirmar para nós mesmos que elas “não” precisam. É preciso viver e deixa-las
viver.
Se elas não reconhecem que nossas ideias podem lhes
ser uteis, se elas fazem pouco caso de nossa boa vontade, empenho e preocupação,
então deixe-as sozinhas, não convém deprimir-se, perder o sono, se debater,
sofrer e querer auxiliar quem dispensa nosso auxilio. Ao menos o que podemos
dar, não o que elas, talvez, queiram.
Tem quem aprenda pelo amor, aprenda pelas palavras,
aprenda dando um voto de confiança a quem lhe ama. Tem quem só aprenda com a
dor. E, lamentavelmente, tem quem não aprende nunca. Mas jura que sempre “soube”.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 20 de fevereiro de 2015.
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