O que tem
sentido, não valor.
Que dinheiro é
bom, ninguém duvida. Que beleza é interessante, menos ainda. Mas daí a ser
obstinado por grana e por bela aparência é burrice! Entre dinheiro e a sensação
de ser útil, de sentir-se bem, de fazer algo por alguém e pelo mundo, eu fico
com a segunda, ainda que a contraprestação financeira seja menor do que em
algumas áreas em que a utilidade perante o mundo é menor.
Seja franco,
todo mundo gosta de ego, de fazer algo importante, de ser elogiado e
valorizado! Não à toa a gente é tão pouco bem tratado em repartições publicas
federais: povo ganhando sua graninha certa todo mês, sem ânimo, contando com a
retribuição financeira e meio frustrado, afinal, não se sente tão relevante
para alguém ou para o mundo.
Faz o que
qualquer “não concursado” poderia fazer, enfim trabalho demasiado “burocrático”
(boring!). Sei lá, tenho raiva desse povo aficionado por concurso publico, pelo
tal do “mamar” nas tetas do governo e que, às vezes, ainda se corrompe.
Sei lá, eu quero
mais pra mim do que um salário fixo! Eu quero reconhecimento, quero me dedicar,
quero fazer algo de bom por alguém que seja, ser reconhecida, gratificada com
algum elogio e gratidão, por exemplo.
Sim, eu prefiro
uma boa massagem no ego a uma conta bancária farta e um infame sentimento de
inutilidade e, para mim, de tédio. Não, não, obrigada. Comigo não rola. Eu gosto
de coisas com sentido, não com valor.
Eu gosto de
sentir que faço algo com um sentido positivo, com utilidade prática na vida das
pessoas, levar e entregar papel, não me emociona, não me gratifica, educar, ou
melhor, ensinar, porém, me faz bem. Ser advogada aguerrida de causas que me
emocionam, convencem e comove, também.
Não fiz concurso
para a magistratura, porque não quis. O mesmo para o MP ou delegacia, estadual
ou federal. Menos ainda para “oficial alguma coisa”, cujo máximo de gratificação
emocional que tem é: “parabéns, você foi rápido na entrega de intimações hoje!”.
Não, não, não são quase ou mais de dez mil reais por mês e uma função medíocre que
me farão bem. Me conheço, me conheço muito!
Sempre tive medo
do comodismo, do cruzar os braços, do aceitar facilmente mandos e desmandos. Procuradoria
federal? Procuradoria do Estado? Para fazer contestação dizendo que o ente
estatal não pode pagar o medicamento que a criança enferma necessita? Eles têm
que fazer para justificar o salário, meu amigo. E eu regurgitaria em seguida se
redigisse algo assim.
Ser juiz e ser
imparcial?! Ser imparcial no Brasil? No País cuja balança pende para o lado do
mais poderoso, não raras vezes? Não consigo. Só o fato de não poder me
posicionar a favor de alguém com mais garra me mataria por dentro. Eu prefiro
trabalho árduo, esforço e dormir bem à noite, em paz, me sentindo importante
para quem, pelos “ossos do oficio”, precisa de mim.
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 14
de fevereiro de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.