Indefinível!
Disse Elliot Gould: “Ninguém
pode ser escravo de sua identidade: quando surge uma possibilidade de mudança é
preciso mudar.” Essa frase define meu amontoado de opiniões sobre pessoas que
pertencem a “tribos”, partidos e doutrinas, sobre pessoas que tem orgulho de
dizer que “são” isso ou aquilo.
Esse povo que
passa a vida sendo uma coisa só, sabe?! Eu sou “nerd”, eu sou “hippie”, eu sou “punk”,
eu sou “emo”, eu sou “coxinha”, eu sou “intelectual de esquerda”, eu sou “capitalista”,
eu sou “abstêmio”, eu sou “comunista”, eu sou “poligâmico”, eu sou “fitness” e
etc.. Ah, dá licença meu filho, você é um Peter Pan, isso sim! Você é só um “ser
humano ridículo, limitado que só usa 10% de sua cabeça animal”, nas palavras do
Raul.
É impossível passar
a vida inteira, conviver com uma série de pessoas, ler muito, estudar, enfim,
viver e continuar sendo o que sempre foi, sem se ligar noutros pontos de vista.
Ao menos, para mim, é impossível, para muitos é extremamente possível. O que
lamento.
Eu não gosto de
gente que ouve só um tipo de música, que usa só um tipo de roupa, que assiste
só a um tipo de filme, que segue um partido politico, que se fecha numa
doutrina religiosa, que nunca come carne, que nunca bebe, que nunca come doce,
que só lê um tipo de literatura. Eu gosto de pessoas culturalmente cosmopolitas,
eu gosto de quem aprende, de quem muda.
Eu já votei no
PT, tive uma fase adolescente super kardecista, já fui “mega” fitness, já fui “patricinha”,
já ouvi só rock, já fui abstemia, já curti só MPB, já fui socialista. Gente, a
vida muda, a gente muda! Hoje em dia eu bebo de tudo, ouço tudo que tenha letra
boa, não sigo doutrina religiosa alguma, questiono demais, penso demais para me
adequar a um segmento apenas.
E, sinceramente,
me entedia gente que se encaixa em definições. Eu sou naturalmente indefinível.
Sou humanista, não sou sexista. Em determinados momentos pareço feminista,
noutros machista, mas privilegio pontos de vista humanos, racionais e lógicos.
Gosto de moda,
mas não sigo a moda. Tenho um estilo meu, uso coisas e adereços que nem todos
curtem, as tiaras são o maior exemplo. Gosto de tatuagens, mas não desenhei meu
corpo todo, gosto de cabelos alternativos, mas não vou pintar minhas melenas de
azul.
Gosto de pele
bronzeada, de saúde, de comida boa, de leitura variada, encaro do sertanejo de
boa letra ao punk, danço pagode e sei sambar, convivo com intelectuais e com
gente para a qual existe a palavra “ponhar”. Trato todos com respeito e aprendo
um pouco com cada pessoa que a vida me apresenta.
Leio de tudo,
encaro vários tipos alternativos de revistas, mas não me defino como sendo
qualquer coisa. Eu sou a Cláudia, uma mulher humorada, alegre e imprevisível,
mas não só isso. De tudo, só posso dizer que eu sou indefinível. A única definição
que sempre tive (a menos depois dos 10 anos) foi ser heterossexual. E você, se
encaixa em rótulos?
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 17
de fevereiro de 2015.
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