Sonho e
realidade: que choque!
Sei lá se eu
sonho demais, mas toda vez que abro o facebook e sites de noticias eu penso:
“Como seria bom se eu não estivesse lendo isso, ou melhor, que isso não
acontecesse!”.
É escândalo no
nosso vergonhoso governo, um em cima do outro de forma que, confesso, mal pego
o fio da meada de um e um novo surge, ou melhor, é descoberto (sem que o
anterior tenha sido bem esclarecido e os responsáveis onerados).
É criança
sofrendo bullying na escola porque é de religião diversa da dos colegas, é sexo
e masturbação explicita na televisão, é criatura pedindo pílula do dia
seguinte, porque não resistiu e transou em rede nacional.
Disso tudo,
existem pseudomoralistas se escandalizando por causa de um beijo gay numa
minissérie, enfim, é muita desumanidade que tem horas que lembro do Raul: “Pare
o mundo que eu quero descer!”.
Muita
hipocrisia, muita apatia, muita manifestação em prol de uma linda bunda e pouca
a respeito do que a intolerância religiosa, politica e sexual está fazendo no
mundo e, mais, com as crianças que chegam nele como um quadro em branco onde os
adultos pintam seus preconceitos, sua incoerência, sua ira, sua revolta, suas
paranoias e fazem-nas passar adiante.
Enfim, complexo,
muito complexo. Além de desumano, vergonhoso e triste! Eu não vejo mal algum em
beijo gay, em atriz bonita mostrando seus atributos em no horário nobre. Me indigna,
isto sim, é a relevância que as pessoas dão para o que não é tão relevante!
Falamos por dias
de uma bunda e de um beijo homossexual, queremos e idealizamos o traseiro
mostrado, vamos atrás de uma academia ou caprichamos mais no agachamento. Ótimo!
Mas quantas pessoas se manifestam acerca da intolerância religiosa que é a
maior causadora de guerras, embates e atentados contra a vida de pessoas no
mundo?
Poucos, pouquíssimos
e é aí que minha cabeça pira! Tem coisas muito sérias acontecendo neste País e
no mundo, tem coisas sérias acontecendo nas escolas em que meus priminhos e
seus filhos estudam, custa se conscientizar disso? Custa, ainda, se indignar
frente a ignorância humana?
Custa, tentar
ser um ser humano empático e se compadecer do sofrimento do diferente? Afinal,
como disse Santiago Villela Marques: "É fácil não ferir meu semelhante.
Difícil é não ferir o que de mim é diferente."
Porque
preconceitos e todo tipo de intolerância, incluindo a religiosa, se “aprende”
em casa. Os filhos são extensões dos seus pais, de seus valores, princípios e
credos. Não sou a favor da imposição de religião em casa, acho que a gente
deveria ensinar bons valores e moralidade aos rebentos e, deixar-lhes livres
para, querendo seguir a religião que acharem interessante, se acharem que é
preciso seguir alguma.
Do que adianta
educar o filho dentro de igreja e não ensina-lo a importância do respeito ao
próximo, da afabilidade, da empatia e da doçura de alma? Para mim, não adianta
nada.
Mas as pessoas
não pensam desta forma, porém, imbuem seus filhos da crença de que seu “deus” é
único e melhor de forma que eles, com uma lamentável crueldade infantil, judiam
daqueles que creem em outros deuses. Então, que tipo de ser humano os pais
estão deixando para o mundo? Só sei que tenho medo. Medo da excessiva valorização
do belo e pouca “resposta” ao que é, efetivamente importante neste mundo.
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 08
de fevereiro de 2015.
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