Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Intuição ou medo, afinal?

Intuição ou medo, afinal?

Eu preciso, depois de tudo o que já vivi, aprender a diferenciar intuição de medo. Costumo pensar muito sobre o que vivencio e sinto, costumo pensar muito para fugir de sentimentos que tenham um efeito rebote negativo, a posteriori, na minha vida.
O problema, no entanto é saber quando é a minha intuição que me alerta ou quando é alguma espécie de medo que me fala. E, eu tenho um medo danado de sofrer! São tantas oportunidades de ser feliz, de continuar sendo feliz, tenho tanto a perder com qualquer coisa que me deixe confusa ou magoe que tenho receio de que os meus medos sejam intuitivos.
Impossível ser forte e confiante sempre. Sei lá, algumas situações me descentralizam, e são essas as que me fazem confundir medo com intuição ou, o que é pior, intuição com medo, afinal temores a gente encara e esmaga, mas e a intuição?! Impossível fazer boas escolhas ignorando-a.
Às vezes os nossos mecanismos de defesa do ego nos sabotam. Exemplo disso é a projeção. Não raras vezes tememos que o outro aja de forma vil, sendo que nós agiríamos de forma vil em seu lugar, ou já agimos, no caso. Sei lá, a tal da troca do certo pelo duvidoso e por aí vai!
Talvez eu já tenha cometido tantos erros com pessoas boas, errado com pessoas tão legais e apaixonadas em prol do medo de encarar o “tudo novo de novo” que, a duras penas sofri, amadureci e me tornei um ser humano melhor, dotado de brio e confiança no futuro. Mas um ser que teme que, quem não passou pelo que eu passei, possa ser o que eu fui. Complicado né?! Mas explicável.
Quiçá se eu sempre tivesse sido dessas mocinhas que casam com o primeiro namorado, que acham que encontraram tudo que sonharam no namoradinho da faculdade e que se acomodam a viver uma relação, morna, inclusive, com ele, eu tivesse menos embates entre medos e a possibilidade de estar intuindo algo. Quiçá tivesse menos receios, enfim!
“Se” eu nunca fiz ninguém sofrer, “se” eu nunca fui canalha com pessoa alguma, “se” eu nunca me arrependi por ter largado pessoas legais de forma egoísta e covarde eu teria mais confiança de que todos os seres humanos não precisam cometer as mesmas gafes emocionais que eu para se tornarem melhores, mais maduros, mais sábios. Afinal, eu precisei adubar a vida com muitas decisões de merda, (com o perdão da palavra).
Só que de santa eu nunca tive nada, nem a língua, nem o olhar, nem o humor. Sempre fui autêntica, difícil pra caramba, mas santa não. Pensei demais em mim, sempre segui um principio tácito praticamente hedonista de valorizar o que é prazeroso em curto prazo e não ter vergonha disso. “Se terei prazer ficando com A, ficarei com A mesmo que o B morra de tristeza.” Vil, né?! Como disse Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) em meu poema preferido, se referindo a “perfeição” alheia:
“Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.”
Vil, mas eu. Transparente demais com meus sentimentos, muito mais coração do que razão em tal período. E me ferrei, chorei, me arrependi, enlouqueci, mas sobrevivi. Forte, imbuída de coragem de mudar e de cuidar de mim, de fazer o melhor com o que os outros me fizeram e, sobretudo, com o resultado negativo de minhas decisões estupidas.
E agora, e se as pessoas a quem crio apego falharem comigo? E se eu arriscar demais, usar o coração demais e sofrer aquilo que eu já fiz sofrer? Passei da fase de sofrer desilusão afetiva e aprendi a dosar a razão e a emoção e a fugir de problemas, isso é verdade. Quiçá eu tenha fantasmas do meu “eu vil” e irracional vivendo em minha mente. Talvez eles me confundam. Sinceramente?! Tem horas que quanto mais se pensa, mais se confunde. Dormir talvez seja a melhor ideia em tais momentos. Se não ajudar, ao menos fará bem para a pele.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 18 de fevereiro de 2015. 

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