Intuição ou
medo, afinal?
Eu preciso,
depois de tudo o que já vivi, aprender a diferenciar intuição de medo. Costumo
pensar muito sobre o que vivencio e sinto, costumo pensar muito para fugir de
sentimentos que tenham um efeito rebote negativo, a posteriori, na minha vida.
O problema, no
entanto é saber quando é a minha intuição que me alerta ou quando é alguma
espécie de medo que me fala. E, eu tenho um medo danado de sofrer! São tantas
oportunidades de ser feliz, de continuar sendo feliz, tenho tanto a perder com
qualquer coisa que me deixe confusa ou magoe que tenho receio de que os meus
medos sejam intuitivos.
Impossível ser
forte e confiante sempre. Sei lá, algumas situações me descentralizam, e são
essas as que me fazem confundir medo com intuição ou, o que é pior, intuição
com medo, afinal temores a gente encara e esmaga, mas e a intuição?! Impossível
fazer boas escolhas ignorando-a.
Às vezes os
nossos mecanismos de defesa do ego nos sabotam. Exemplo disso é a projeção. Não
raras vezes tememos que o outro aja de forma vil, sendo que nós agiríamos de
forma vil em seu lugar, ou já agimos, no caso. Sei lá, a tal da troca do certo
pelo duvidoso e por aí vai!
Talvez eu já
tenha cometido tantos erros com pessoas boas, errado com pessoas tão legais e
apaixonadas em prol do medo de encarar o “tudo novo de novo” que, a duras penas
sofri, amadureci e me tornei um ser humano melhor, dotado de brio e confiança
no futuro. Mas um ser que teme que, quem não passou pelo que eu passei, possa
ser o que eu fui. Complicado né?! Mas explicável.
Quiçá se eu
sempre tivesse sido dessas mocinhas que casam com o primeiro namorado, que
acham que encontraram tudo que sonharam no namoradinho da faculdade e que se
acomodam a viver uma relação, morna, inclusive, com ele, eu tivesse menos
embates entre medos e a possibilidade de estar intuindo algo. Quiçá tivesse
menos receios, enfim!
“Se” eu nunca
fiz ninguém sofrer, “se” eu nunca fui canalha com pessoa alguma, “se” eu nunca
me arrependi por ter largado pessoas legais de forma egoísta e covarde eu teria
mais confiança de que todos os seres humanos não precisam cometer as mesmas
gafes emocionais que eu para se tornarem melhores, mais maduros, mais sábios. Afinal,
eu precisei adubar a vida com muitas decisões de merda, (com o perdão da
palavra).
Só que de santa
eu nunca tive nada, nem a língua, nem o olhar, nem o humor. Sempre fui autêntica,
difícil pra caramba, mas santa não. Pensei demais em mim, sempre segui um
principio tácito praticamente hedonista de valorizar o que é prazeroso em curto
prazo e não ter vergonha disso. “Se terei prazer ficando com A, ficarei com A
mesmo que o B morra de tristeza.” Vil, né?! Como disse Fernando Pessoa (Álvaro
de Campos) em meu poema preferido, se referindo a “perfeição” alheia:
“Podem ter sido
traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.”
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.”
Vil, mas eu. Transparente
demais com meus sentimentos, muito mais coração do que razão em tal período. E me
ferrei, chorei, me arrependi, enlouqueci, mas sobrevivi. Forte, imbuída de
coragem de mudar e de cuidar de mim, de fazer o melhor com o que os outros me
fizeram e, sobretudo, com o resultado negativo de minhas decisões estupidas.
E agora, e se as
pessoas a quem crio apego falharem comigo? E se eu arriscar demais, usar o coração
demais e sofrer aquilo que eu já fiz sofrer? Passei da fase de sofrer desilusão
afetiva e aprendi a dosar a razão e a emoção e a fugir de problemas, isso é
verdade. Quiçá eu tenha fantasmas do meu “eu vil” e irracional vivendo em minha
mente. Talvez eles me confundam. Sinceramente?! Tem horas que quanto mais se
pensa, mais se confunde. Dormir talvez seja a melhor ideia em tais momentos. Se
não ajudar, ao menos fará bem para a pele.
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 18
de fevereiro de 2015.
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