Desinternetizando.
Você está ali, em frente a uma ou duas pessoas e,
de repente, seu whatssap “desponta”, você responde. Nisso, com o celular em
punho, você já aproveita e dá uma olhada nas redes sociais! Aquele universo de
fotos, reportagens e asneiras que lhe distraem. Então, o que a pessoa a sua
frente está falando, mesmo? (Quem nunca?!).
Para ser franca, eu, quase sempre. Mas me incomodo
comigo mesma. Percebo como isso é chato naqueles momentos em que estou focada
no mundo real e um amigo resolve aderir ao celular.
Antigamente, quando livros eram mais comuns, eu
odiava cruzar os braços ou ver alguém com os braços cruzado, afinal eu li num
livro que tal movimento era indicativo de “entediamento” do interlocutor. Hoje em
dia, acho que, embora seja um instinto, uma gafe coletiva, pegar no celular
significa o mesmo. A internet está mais atraente que a companhia, algo assim, implícito,
tácito, discreto, mas “por aí”.
Sim, eu já fui mais educada, mais fina, mais
elegante! Sim, você também. Todos entendem quando você tem ligação a fazer,
mensagem para responder. Isso desde a década passada era comum. Só que existe
uma diferença abismal entre responder uma mensagem e entabular dialogo virtual
com alguém em frente a seus amigos, capiche?
Conversar, entabular conversa é o tal do “fala”, “responde”,
“fala” de novo. E o amigo ali, com uma cerveja gelada na tua frente. Enfim,
isso é chato e eu cansei de ser chata com meus amigos. Preciso me controlar!
A vulgarização da tecnologia, da informação que
está em nossas mãos vem nos “ilhando”. Tornando-nos ilhas frente às belezas do
mundo real. Ali você ouve as musicas que gosta, vai malhar ouvindo elas, fica
na antessala do consultório ouvindo as suas musicas tradicionais. Mas, e se de
repente, o ambiente puder lhe apresentar alguma musica legal? Nova?
Ali, você olha o corpo da mulher cheio de photoshop
na revista ou na novela, ao vivo você pode conhecer mulheres mais belas, sem
correção e, mais, que podem dialogar com você e, quem sabe, serem legais além
de bonitas!
Ali você tem o conhecido no outro lado do Brasil,
talvez um amor de pessoa, não nego, mas, porque não conhecer quem está ao seu
lado? Tipo o amigo do seu amigo que está aí, no bar, fazendo um happy hour ao
seu lado? Não custa nada se “desinternetizar” um pouco, ao menos quando você
está acompanhado. A menos que você queira deixar a mensagem explicita: “a sua
companhia é uma bosta”.
Eu preciso me policiar, você precisa, todos nós precisamos!
Está aí, com o namorado ao lado? Só vale pegar o celular para postar fotos,
tirar fotos e responder mensagens né?! Para que desperdiçar bons momentos, bons
carinhos, bons afagos, boas risadas com um aparelho que pode ir com você até o
toalete? Aproveite quem está próximo.
Essa nossa mania de “internet” e celular vem nos
tornando dispersos. Em sala de aula aluno não entende a matéria, mas fica
vidrado no aparelho, na hora de estudar, tudo que tem no aparelho é mais
excitante do que a matéria, na hora de ler um livro, o whatssap e as postagens
do face dispersam.
Enfim, manter o foco no mundo real nunca se tornou
tão difícil para nós. Ora, ora, vejam só, são as antinomias da pós-modernidade,
da nossa boa e nova sociedade da informação! Precisamos aprender a viver com
ela, sem que “adentremos” demais na virtualidade, precisamos de regras de
etiqueta, precisamos voltar a curtir o bom e velho falar, encostar, gargalhar!
Precisamos de mais diálogos, de menos “kkk” e carinhas de “smiles”. Um dia a gente
chega lá! Benzadeus!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 23 de março de 2015.
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