Desnecessárias e inúteis.
“Quando os homens são puros, as leis são
desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis.” Dizem que foi
Thomas Jefferson quem disse a frase, eu já a encontrei como da autoria de Benjamin
Disraeli, de toda forma é nisso que reside o meu argumento para a inutilidade
da maior criminalização de condutas, para a descriminalização do aborto e das
drogas.
Não é a sanção que vai impedir uma pessoa de agir
como ela deseja, não é a proibição que vai parar a vontade e, em alguns casos,
a necessidade humana. É preciso que analisemos o lado ruim da criminalização, o
lado ruim da “condenação” e das penas, para a sociedade e para o ser humano. Precisamos
raciocinar mais e nos sentir menos perfeitos, menos “acima” de qualquer
inconveniente. Racionalidade e humildade: a gente precisa!
Ninguém deixa de abortar porque é crime. Mas algumas
vidas se perdem, porque a mulher não pode interromper uma gestação sem que
pague muito a um medico de sua confiança: mulheres ricas abortam, mulheres pobres
morrem e outras respondem a um processo penal humilhante.
Drogas!? Eu nunca quis usar. Não curto alucinar, não
curto viajar, não curto me animar (mais do que já sou, acabaria mal, muito
mal!), enfim, como cantou a Gal, eu “nasci assim, eu cresci assim”. Ou seja, não
careço de estimulantes, não curto mudar-me. Podem vir ambulantes vender-me cocaína
ou maconha e eu não vou querer.
E você aí acha que a proibição impede quem quer e
acha que precisa de drogas de sair de casa altas horas da noite para comprar? Você
nunca pensou o quanto a criminalidade diminuiria, o quanto o Estado, eterno
obcecado por impostos, arrecadaria com a tributação da droga?
Ah, mas teriam os que venderiam mais barato? Teriam,
assim como existem camelôs, e afins, mas seriam exceções e não a regra. Eles poderiam
ser multados, como qualquer criatura que trabalha na clandestinidade quando é
descoberta. Sei lá, que usássemos o “poder de policia” estatal de forma mais
adequada.
Do jeito que está, o Estado me faz lembrar-me de
meus gatos que, quando bebes, corriam atrás do próprio rabo: um esforço enorme,
para o inútil. Acho que não precisamos de mais leis, precisamos de mais
escolas, de mais aula de ética, de melhores pais, de melhores mães, de famílias
mais afetuosas, de mais equilíbrio e amor.
Acho que precisamos de menos intolerância e mais
amor, mais compreensão. Precisamos de mais racionalidade e menos ira, menos
ódio, menos revolta. Precisamos de mais humanidade e menos dedos em feridas,
precisamos de mais bondade e menos hipocrisia, mais respeito e menos arrogância.
Enfim. Só acho.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 20 de março de 2015.
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