Casamentos acabam.
Eu acho lamentável o comodismo humano! O quanto as
pessoas estragam seus relacionamentos por inaptidão, por falta de cuidado, por
falta de investimento, de afeto, de atenção. Eu nunca me resignei frente a um “eu
te amo”, frente a segurança de uma aliança, de um papel, de um “minha mulher”, “minha
esposa”, “amor da minha vida” e palavras afins. Não, isso não me prende, sou
meio indomável por palavras.
Do que adianta tanto mel verbal e até compromisso jurídico,
como é o casamento, se a pessoa se acomoda, deixa de conquistar, de elogiar, de
acarinhar, de dar afeto, de dar atenção? Tem gente que não sabe sentir-se
confiante, que, conquista e esquece de mantê-la.
Tem gente cuja confiança no sentimento do outro
aniquila com a relação, com a alegria, com o romance. Gente que se imbui da vã
crença de propriedade alheia: “Agora é meu, agora me pertence.”
Que ilusão! Essa coisa de “ser” de alguém tem muita
beleza e graça na hora da excitação, dá um plus. Mas, convenhamos ninguém pertence
a ninguém, por melhor que seja o sexo, por mais rico que seja, por mais belo, por
mais elegante, por mais bem sucedido.
Logo, amor só vinga e dura quando ambos investem na
relação, quando não existe aquele lance de ficar falando com a amiga no whatts
enquanto o marido joga videogame, amor só dura quando o tesão pela bunda da
revista e pela cena enfeitada da telenovela perde a atenção que se vira a
parceira, a como ela consegue estar bem, após um dia de correria, trabalho e
cuidado com os filhos.
As pessoas têm fetiches desnecessários, tiram a atenção
e o seu foco de quem está ao seu lado de carne e osso para devanear assistindo televisão,
vendo revistas ou acessando redes sociais. Deixam de tocar e focam no intocável,
quase inexistente e, ainda, reclamam que seu relacionamento amornou.
Amornou enquanto eles se distraiam com o que não lhe
dá atenção, com o que não lhe preza nem deseja. Casamentos acabam, porque, na
vã crença de sua eternidade um deixa de cuidar do outro, de se importar com ele
e de crescer ao seu lado. Casamentos acabam, porque a segurança é maior que a
criatividade e as certezas acabam pesando mais que a empolgação.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 23 de março de 2015.
Após ler este texto, telefonei para minha esposa...hehehe
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