Vida, felicidade e o que eu não mensuro.
Nenhuma dificuldade, em coisa alguma na vida,
afasta a beleza inerente a ela. A vida não é logica, a vida é boa e sim, é
bela! Creio que os seres humanos não sejam bons, nem belos, creio que o homem
seja, realmente, lobo do homem, mas a vida, ah, meu amigo, a vida não tem nada
a ver com a vileza humana!
A vida é surpresa, a vida é paixão pelo que pouco
se vê, mas muito faz sentir, a vida é encanto pelas exceções que toda regra
tem. Ser feliz na vida é atributo de garimpeiros afetivos, é algo que só os que
desconsideram falsos brilhos ganham, conquistam, encontram.
Ah, mas a vida não é fácil?! E daí, meu amigo! Viver
não é fácil, porque o ser humano é difícil! Como seria a vida se o homem não falasse
o que não sente, não quisesse mais do que tem, não valorizasse demais o que não
está ao seu acesso, não fosse um eterno descontente, demasiado ganancioso,
demasiado amargo? Seria simples, seria fácil.
A vida é um dia de sol numa praia linda, paradisíaca.
Os seres humanos são as “águas vivas”, as medusas. São parcas numa praia, são
poucas, não representam muito, mas complicam até o que pode ser considerado
perfeito!
Perguntam-me, por que eu não aceito o amor que alguém
que está próximo se dispõe a me dar? Ora essa! Amor não é algo que possa ser
doado! Amor não é um contrato unilateral, amor não é só receber, amor é
entrega.
Não imagino como pode ser feliz um ser humano que
tudo tem e nada dá. Não sou a tal ponto egoísta. Sou professora? Ganho pouco? Não
nego, mas amo o que faço. Amo fazer pensar. Se eu estou romantizando o que não precisa
ser romantizado? Não sei, só sei que apesar do meu contracheque não me levar às
nuvens, poder orientar, dialogar e questionar quem está à minha frente, ouvindo
atento, me dá um prazer imensurável. Inominável!
Eu amo receber, claro! Eu amo surpresas. Eu amo
presentes. Eu amo afeto. Mas eu também gosto de dar. Não dispensaria um amor,
um amor que habita em mim, para optar pelo caminho mais fácil e menos
compensador. Menos extasiante. Menos quente. Menos encantado. Menos encantador
e apaixonante.
Não mensuro a vida em números, não faço cálculos, não
faço projeções. Eu mensuro a vida em sorrisos, em gargalhadas, em orgasmos, em
beijos, em abraços, em “eu te amo”, em prazer, em entrega, em felicidade.
Vivo bem, porque vivo intensamente. Sorrio, porque
tenho motivos. Amo, porque amo, afinal, nada justifica o amor. O que pode lhe
justificar é, apenas, a prova de que não se trata de amor genuíno. Sou feliz,
enfim, porque não contabilizo sentimentos, distância, beleza, dinheiro e
carreira.
Sou feliz porque a essência me cativa, um frio na
barriga me detém, um olhar me cativa e um amor bem vivido não pode ser trocado
pela facilidade do “razoável”. Na real, sou feliz porque o “mais ou menos”
nunca entrou na minha vida. Ou, se entrou, foi expulso tão rapidamente que nem
eu me recordo.
Para mim, assim está “melhor que bom”. E assim
ficará. E vai permanecer. Porque eu quero. E se a vida deixar de me dar motivos
para querer que fique? Eu mudo de vontade, só não deixo de ser feliz. Porque o
comodismo, o morno e o insosso, realmente, não me pertencem. Não aceito, não gosto,
não fico.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 09 de março de 2015.
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